FAZ PARTE DA CURA O DESEJO DE SER CURADO

Como eu disse para Lívia hoje: o abuso sexual infantil é um crime hediondo cuja pena é alta, de 8 a 12 anos. A maioria dos casos de abuso sexual infantil são cometidos por familiares, principalmente o pai biológico. Na novela da Globo atual O outro lado do paraíso, uma personagem foi vítima de abuso sexual infantil, a Laura. Ela cresceu e se tornou uma jovem tímida, demasiadamente sensível e apática. Ou seja, ela apresenta as características de uma pessoa que sofreu abuso sexual infantil, submissa, reprimida e com sentimento de culpa. É claro que ninguém tem culpa de ser vítima de um abuso.

Também não é justo associar a figura do pai e do padrasto à figura de um abusador ou de um pedófilo. Afinal, a maioria dos pais e padrastos amam e respeitam seus filhos e enteados. Somente uma minoria criminosa e covarde comete tal crime hediondo. No momento em que um pai ou um padrasto abusa de seu filho ou enteado deixa de ser um pai ou um padrasto para se tornar um criminoso covarde que merece a dura pena da lei. Afinal, toda criança merece amor, respeito e cuidado. A infância é sagrada e deve ser protegida por todos: pais, familiares, amigos, sociedade e o Estado. A vigilância deve ser permanente, a denúncia deve ser obrigatória e a punição deve ser severa. Não aceite!!!

Infelizmente não são só crianças que são abusadas e a forma de abuso não é apenas sexual. Ela também é emocional. Uma pessoa, uma menina ou mulher que é constantemente abusada desenvolverá alguns dos sintomas citados abaixo como a extrema submissão e o indevido sentimento de culpa em relação a tudo. Quando é assim é imprescindível apelarmos para um tratamento psicológico profissional porque a autoestima da pessoa foi sistematicamente atacada e danificada e, segundo minha observação da experiência alheia, é muito difícil ela se recuperar sozinha.

Essa pessoa abusada que se tornou extremamente submissa e se sente culpada por tudo precisará de ajuda qualificada para recuperar sua autonomia e independência. O principal é eliminar o foco do abuso. Depois procurar ajuda e iniciar o tratamento para desenvolver o processo de cura dos traumas e feridas deixados pelo desrespeito diabólico. O grande problema das crianças é que elas são intelectualmente imaturas e não sabem sequer como fazer para pedir ajuda nem costumam procurar por iniciativa própria, salvo raras exceções, ajuda profissional para se emanciparem dos terríveis danos sofridos em silêncio.

O abuso sexual implica em submeter uma criança ou mulher a prática de conjunção carnal ou ato libidinoso contra a sua vontade, sendo presumida a violência no caso de vulnerável. Já o abuso emocional consiste em tratar a menina ou mulher como se fosse objeto, não respeitando sua vontade, violando seus direitos e tentando força-la a fazer o que não quer. Em ambos os casos a violência existe e não pode ser admitida.

Se você conhece uma criança, menina ou mulher que sofre abuso sexual ou emocional denuncie, ofereça ajuda e diga-lhe que elas têm direito a ter sua dignidade e liberdade respeitadas. Na novela percebe-se que Laura sofre só de olhar para o delegado Vinícius. Imagina ter que conviver com alguém que te desrespeita ou que você não suporta ou despreza? O pior é que sua mãe faz vistas grossas para a ojeriza suspeita de Laura. Ela será incapaz de acreditar que seu marido abusou de sua filha, acusando-a de ingratidão, outro traço de abusadores e cúmplices, tentar explorar o sentimento de culpa indevida da vítima. Repito: abuso sexual e emocional é crime. Não seja cúmplice. Denuncie. Salve uma vida.

“Faz parte da cura o desejo de ser curado. Sêneca. Infelizmente, existem algumas escolhas que outras pessoas não podem fazer por nós, existem passos que só nós podemos dar, existem certas mudanças que tem que começar de dentro para fora e nem sempre isso é um trabalho fácil, mas se você deseja vá em frente, nunca é tarde para um recomeço. Deus conhece suas lutas e intenções, vai dar tudo certo, basta querer dar o primeiro passo.” Da página Crua

P.S. Se precisar de um advogado para defender seus direitos conte comigo. Estou aqui.


Thiago Castilho

Advogado e escritor, um homem de leis e letras. Acredito que a arte pode “ensinar a viver”. Ensinar a viver significa ensinar a lutar pelos seus direitos e a amar melhor a si e a toda humanidade. Adquirir o conhecimento e transformá-lo em sabedoria de vida no palimpsesto do pensamento. Eis meu ideal intelectual que busca realizar a experiência do autoconhecimento, não sei até se do absoluto e talvez do Sublime aplacando assim minha angústia existencial, sem soteriologia, porque ao contrário de Heidegger não acho que somos seres-para-a-morte, mas seres-para-a-vida e seres-para-o-amor.

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