Quisera agora
Já não mais ser o que sou.
Quisera eu penetrar de mansinho em teu ser.
Quisera nesse instante rápido te dizer de mim.
Quisera eu pousar de leve, de leve apenas,
Mas ser bem profunda em ti.
Te faria ouvir e sentir o que vem de mim.
Te diria de um amor imenso…impossível.
Mas mesmo assim, te diria ainda…
Te amo, te amo….
Te faria acreditar que esse amor existe,
Assim talvez como o teu.
O talvez, é apenas porque não saberia
Te dizer o quanto.
Te diria sim, que ele existe,
E que sua própria existência,
Jamais se faria completa em nós dois.
Poderia eu a qualquer instante perdido,
Sentir tua falta!
No entanto, me perderia sem conseguir te encontrar.
Poderia ainda, querer me achar em teus braços,
Mas me acharia só vontade,
Sem um instante de verdade.
Poderia eu querer beijar-te
E no entanto, o meu querer
Não te diria nada
E perderia o sentido, por não poder te encontrar.
Viveria então só do OCASO
Sempre incerto, sempre breve
Quase sempre sem palavras
Seríamos então, os dois, um ACASO….
E por que não um OCASO?
Sempre sem despedidas ao fim de cada dia,
Sempre sem início,
…ao início de cada noite…
Te amo ainda…….
Fátima Cruz – 03.08.77