Seis passos para encerrar ciclos e iniciar novas etapas

A vida possui um dinamismo próprio através de seus estados transitórios em que precisamos muitas vezes reconstruir uma nova estória em meio aos escombros do passado.

Somos desafiados a presentificar nossas vivências, redefinir uma nova existência, realizar novas configurações. Vida é dinâmica, é movimento. Como relato no livro Fechamento de ciclo e renascimento, tudo está em constante transformação, em incessante renovação. Tudo o que é vivo passa por processos de início e término, e durante estes “dois extremos”, dinâmicas acontecem.

Aqui listo 6 aspectos estruturantes para quem deseja se reinventar e viver uma vida com plenitude, abundancia e renovo. Sem estes aspectos básicos, os demais não poderão ser desenvolvidos nem vivenciados de maneira plena. Vamos conferi-los?

1- Aceite a impermanência da vida:

Talvez o maior aprendizado que precisamos nos autopromover neste mundo é a arte do desapego, através das experiencias transitórias desta existência perecível. E estamos bem servidos no que concerne à oportunidades para o treinamento deste aspecto, pois a vida é especialista em nos colocar constantemente à prova diante desta impermanência. Pode acontecer de nos apegarmos a uma crença que não vai de encontro com a nossa realidade, a pessoas que não estão mais alinhadas emocionalmente conosco, a circunstâncias que ficaram para trás. Queremos que as coisas perdurem, e essa volição é fonte de intenso sofrimento, pois muitas vezes nadamos contra a maré daquilo que não tem retorno. O que a vida, a natureza, as pessoas e as circunstâncias nos ensinam constantemente? Que tudo é mutável, tudo está em processo de transformação e portanto nada é para sempre. Mudar essas crenças de que tudo é permanente e seguro, é o conceito-chave para a mudança de uma nova realidade, mais coerente e feliz, interconectada com as leis da vida, as quais não estamos divorciados.

2- Desenvolva sua resiliência:

Sim, somos revisitados pelos vendavais da vida e algumas vezes é difícil se reerguer da queda. Em algumas circunstâncias, não podemos modificar as causas do sofrimento, visto que não dependem exclusivamente de nós, tais como uma doença, um raio que cai na varanda da casa ou a morte de um ente querido; Estes são fatores externos que nos sobrevêm. Resta-nos saber administrá-los e esta postura faz toda a diferença. Neste caso específico precisaremos esperar o curso da vida, trabalhar as perdas e esperar o inverno da vida dar espaço a uma nova primavera. Lembre-se que até o astro-rei se põe humildemente todo fim de tarde para ressurgir com toda vivacidade no dia seguinte.

No entanto, a boa notícia é que para a maioria das “crises” que precisamos lidar, teremos que ter uma postura (pró) ativa e poder de decisão, buscando a resolução dos problemas, procedendo às escolhas com firmeza mas ao mesmo tempo de modo flexível caso a abordagem utilizada necessite de atualizações. Em outras palavras, está em nosso livre arbítrio modificar o que podemos. As adversidades, quando bem aproveitadas, nos tornam fortes, resilientes.

Deste modo, dependendo da dor emocional e de como lidamos com ela, viver muitas vezes pode não ser um processo fácil e qualquer pessoa, até mesmo aquelas mais afortunadas terão sofrimentos arquetípicos e dores inerentes à condição humana. No entanto, não existe nada eterno; Ciclos se fecham, renascemos com novas esperanças e novas propostas. A vida sempre no surpreende, tanto no pior quanto no melhor. Você escolhe em qual ponto de vista vai focar. Gostaria de reiterar que mesmo em situações adversas, temos o livre arbítrio diante de posicionamentos, condutas e de nossas percepções dos fatos, bem como lidamos com eles. Isto faz toda a diferença. Viver é a arte de se aperfeiçoar, de autossuperar-se E isto nos fortalece. Sempre!

3- Aprenda a perdoar a si mesmo:

é impossível renovarmos a vida levando conosco sentimentos como culpa ou falta por erros cometidos. Além de ser um peso, é fonte de doenças e desequilíbrios de toda ordem, sendo contraproducente com a proposta de uma vida de plenitude. Indiscutivelmente precisamos nos auto perdoar, pois nos autopunir não resolverá o problema.

Porém, para que o auto perdão seja possível, é importante aprender a reconhecer os próprios erros e se dar novas chances. Estas condições somente poderão ser alcançadas se estivermos centrados em nossa essência, em nosso eixo, para que a partir deste estado de consciência clarificada seja possível escutar a nossa voz, aquela sabedoria interior, intuitiva que nos (re)posiciona em novas perspectivas bem mais conscientizadas. E o mais importante: não esperar as condições ideais para atuar ou começar a viver com plenitude, visto que condições ideais não existem na prática, ao menos em estado permanente.

Sendo assim, é imprescindível vivermos cada dia de cada vez como se fosse o último, sem o peso aterrorizante da culpa. Não estou dizemos que devemos ser irresponsáveis e vivermos uma vida desenfreada, sem regras para nos orientar, muito pelo contrário. Mas como não temos um controle remoto ou qualquer outro dispositivo que quebre a barreira do tempo, não poderemos voltar atrás para consertar o que fizemos por engano, imaturidade, invigilância ou ignorância. Lembre-se que tudo o que fazemos aos outros a nós retorna, embora estejamos em “treinamento” nesta vida, pois a lei do retorno é um fato. Se não foi possível naquele momento se abster do erro, a única coisa que nos resta é aprender com ele e evoluir.

4- Dê um sentido à sua existência:

Tão necessário quanto o ar que respiramos para nos mantermos biologicamente vivos, é ter um sentido de vida para temperarmos o espírito, para nos sentirmos vivos, uteis e orientados diante das possíveis crises existenciais que possam atravessar o nosso caminho, deflagradas por fatores internos ou externos, sem pesar ou auto boicote. É necessário questionarmos o sentido da nossa existência, ter a chama viva de bons propósitos e metas que sejam benéficas não somente a nível individual quanto social. Ter um projeto de vida enriquece nosso cotidiano de sentido e significado. Do contrário, viveremos num vazio constante, como se tivéssemos somente a carapaça, a casca, com o “espírito” habitando em outro lugar.

5- Deixe de se autossabotar:

A autossabotagem é a fonte motriz para a permanência de desajustes que afetam as principais áreas da vida. Existem pessoas que mesmo em estado de sofrimento, preferem não sair da sua zona de conforto, prejudicando o desenvolvimento de novas habilidades comportamentais e relacionais, sendo extremamente prejudicial para qualquer processo de renovação e de redefinição de uma nova vida, tornando difícil “alterar” o passado através de novas ressignificações.

6- Ame-se incondicionalmente:

Não se rejeite, nem tampouco se abandone em nenhuma hipótese; aceite-se em qualquer circunstância. Você precisa se amar e se respeitar incondicionalmente. Cuide-se mais, trate-se com carinho, cuide de seus estados emocionais, desenvolva seu autoconhecimento, sua autoestima e confiança em si. Não menos importante é aprender a gerenciar suas emoções, o que é possível através do autoconhecimento. Amar a si próprio não deve ser confundido com egoísmo, pois se trata de um aspecto básico da existência. Todos os conteúdos que são externalizados passam pelo crivo das nossas percepções. Um auto percepção negativa ou distorcida é um verdadeiro desastre emocional, tal qual uma escultura de ouro alicerçada em pés de barro. Quando uma pessoa não se ama, torna-se frágil e vulnerável às intempéries ambientais exemplificadas através das perdas, rompimentos relacionais, decepções conjugais, etc. Até mesmo porque nenhuma pessoa conseguirá amar outra caso ela não tenha em si mesma esta referência. O amor próprio é estruturante e precisa ter bases bem estabelecidas, visto que, se a vida, alguém ou alguma situação lhe “puxar o tapete”, você poderá contar consigo em qualquer circunstância.

Para refletir:

Tudo o que existe apresenta sempre este processo de atualização e movimento. Conosco não pode ser diferente, seja no aspecto físico, emocional, psicológico e espiritual, pois também fazemos parte da natureza e de uma verdade maior. Faça as pazes com a vida, receba a perda como sua aliada, escute o que a vida tem a te dizer diante de toda a problemática apresentada. É preciso encarar a morte simbólica para que possamos saber o que é a vida, para que possamos renascer em novas roupagens e com novas oportunidades. Desejo-lhe uma vida renovada!

Autor: Soraya Rodrigues de Aragao

Fonte: http://www.sorayapsicologa.com


Soraya Rodrigues de Aragao

Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Escritora e palestrante. Autora do livro Fechamento de ciclo e renascimento.Sites: www.sorayapsicologa e www.alquimiadavida.org/livros

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