O que um homem pensa de si, eis o que determina, ou pelo menos indica o seu destino

“O que um homem pensa de si, eis o que determina, ou pelo menos indica o seu destino.”

A citação acima está no livro ‘Walden‘, escrito pelo grande Henry David Thoreau, no entanto, ainda não é hoje o dia em que falarei sobre esta obra, embora já sirva como uma indicação para quem possui interesse.

A ideia é falar sobre o livro/filme ‘Into the Wild‘ (Na Natureza Selvagem). Já fazia algum tempo que nutria a vontade de comentar a respeito do que se pode aprender com ele, mas nunca o fazia por imaginar que cada um apreende coisas diferentes de uma mesma leitura, o que torna as coisas ainda mais bonitas.

A leitura, em geral, sempre tem algo a acrescentar, e é no histórico de leitura que conseguimos identificar nossos passos de formação, que percebemos o quanto refletimos e damos passos ainda mais longos a partir de um texto.

 Mas, sem mais delongas, vamos pensar diretamente no que podemos levar da história do Christopher McCandless, um rapaz que saiu em uma aventura rumo ao Alaska:

Fazer uma mudança radical em seu estilo de vida e começar a fazer as coisas com coragem que você pode nunca ter pensado em fazer, ou foi muito hesitante para tentar. Assim, muitas pessoas vivem dentro de circunstâncias infelizes e ainda não vai tomar a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformidade, e conservação, as quais podem aparecer para dar uma paz de espírito, mas na realidade nada é mais prejudicial para o espírito aventureiro dentro de um homem que um futuro seguro. O núcleo básico de espírito de um homem vivo é a sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há maior alegria do que ter um horizonte sem fim alterando, para cada dia para ter um sol novo e diferente. Se você deseja obter mais da vida, você deve perder a sua inclinação para a segurança monótona e adotar um estilo de atabalhoadamente de vida que a princípio parece que você seja louco. Mas uma vez que você se acostumar com uma vida que você vai ver o seu sentido pleno e sua beleza incrível.

Talvez estejamos algemados a tudo que é confortável, nos prendemos em uma conformidade que talvez venhamos a descobrir que não faz sentido. A essência de nossa vida está na maneira como nos construímos, em nossas experiências, mas repetimos diariamente o ontem, deixamos para depois o que realmente importa.

“Os maiores lucros e valores estão ainda mais longe de ser apreciados. Chegamos facilmente a duvidar de que existam. Logo os esquecemos.”  (Trecho do Thoreau sublinhado em um dos livros encontrados com os restos mortais de  Christopher McCandless)

O foco, talvez, nem esteja propriamente na história de vida de Chris, mas no que podemos extrair disso. Há quem exista sem reconhecer a própria existência, há quem assista os dias passar como quem espera um ônibus, esperando sempre por algo atrasado. É inegável que existam dias ruins, no entanto, se passarmos nossa vida inteira esperando um final de semana, perderemos a chance de saber o que é a vida.

Somos aquilo que fazemos de nós mesmos, o problema é que até que seja possível perceber o quão grande e evidente é isso, perdemos muito tempo.

Refugia-te debaixo da nuvem, enquanto os outros fogem para os carros e abrigos. Ganhar a vida não seja o teu ofício, mas o teu esporte. Desfruta a terra, porém sem possuí-la. Por falta de fé e de iniciativa, os homens estão onde estão, comprando e vendendo, desperdiçando a vida como escravos.


Isadora Tabordes

Fundadora dos sites Vida em Equilíbrio e Demasiado Humano. Graduada em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas. Atualmente é mestranda em Filosofia Moral e Política pela mesma universidade, trabalhando questões sobre o conceito de liberdade com ênfase no idealismo alemão.  Isadora também está presente no Youtube através do seu canal Relatos de Motocicleta.

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