A Bioenergética no divã

 

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“Ataques e discussões irracionais não devem ser respondidas,a não ser com o silêncio”, Wilhelm Reich

 

‘O Corpo em Terapia – a abordagem bioenergética’, estudo traduzido do original em inglês ‘Physical Dynamics of Character Structure’, publicado em 1958, tem o prefácio da edição brasileira escrito por Anna Veronica Mautner bem mais reflexivo, explicativo e interessante que o original ousado e desafiador do autor Alexander Lowen (1910 – 1953).

A introdução brasileira, feita em 1977, revela o propósito da obra: uma terapia sem fim porque é um estilo de vida. Já Lowen não poupa críticas à jovem psicanálise, uma vez em que lidamos com textos no contexto do início até meados do século XX. O autor é contemporâneo de Sigmund Freud, considerado o “pai” da psicanálise e, inclusive, aluno de Wilhelm Reich (primeiro psicanalista a perceber que o caráter se estabelece no corpo). Lowen ressalta, em sua obra, a “Análise do Caráter” reichiana publicada em 1932.

Da terapia psicanalítica utiliza vários métodos para a conclusão de seus estudos do tratamento bioenergético, como ego, princípio do prazer e demais teorias analíticas.

Levar em consideração as críticas introdutórias aos estudos da Bioenergética sobre a Psicanálise tradicional é o mesmo que entrar numa briga de crianças por um pirulito. Neste caso é melhor parar a briga e dividir o doce, Melanie Klein explica. A fase oral vai passar, assim como a formação do caráter que dará característica corpórea ao adolescente. A meu ver, em se tratando de psicanálise e bioenergética, as duas técnicas se completam.

O que um pobre analista pode dizer sobre Lowen… Nada! Só sei que, como Sócrates, nada sei sobre a prática terapêutica corporal, a não ser por poucas literaturas a meu restrito alcance momentâneo.

Utilizando sua própria ferramenta, a abordagem bioenergética, poderia dizer que Alexander Lowen possui um “caráter fálico-narcisista”. O seu texto, ao tratar a psicanálise, é, sem dúvida, “(…) autoconfiante, frequente arrogante, elástico, vigoroso, e, muitas vezes, impressionante”.

Creio que  a terapia psicanalítica quanto a bioenergética são válidas e importantes para quem pratica. Nenhuma delas é melhor do que a outra ou são rivais. Elas, na verdade, se complementam.


Roney Moraes

Psicanalista; Especialista em Saúde Mental e Dependência Química; Mestre em Filosofia da Religião; Doutor em Psicologia (Dr.h.c); Doutorando em Psicanálise (Phd); Analista Didata da Escola Freudiana de Vitória (Acap); Ex-presidente e membro da Associação Psicanalítica do Estado do Espírito Santo (Apees); Coordenador do Centro Reviver de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas (Crepad); Membro da Academia Cachoeirense de Letras (ACL).

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