Dependentes de bronzeamento

 Luz ultravioleta ativa as mesmas vias de recompensa cerebral que drogas opioides, como a heroína.

Apesar da conhecida associação entre bronzeamento sem proteção e risco de câncer de pele, muitos se expõem ao sol em excesso durante o verão. De acordo com um estudo publicado na Cell,isso ocorre por motivações que vão muito além da vaidade de “pegar uma cor”. No experimento relatado, camundongos ficaram dependentes de betaendorfina, uma molécula opioide endógena produzida pela pele quando exposta à luz ultravioleta.

Pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts examinaram minuciosamente o sistema opioide, o caminho da recompensa percorrido por drogas como a heroína. Trabalhos anteriores já haviam constatado que a betaendorfina e o pigmento da pele, a melanina, se originavam da mesma proteína. Outros estudos também apontam nessa direção: pessoas que se bronzeiam frequentemente apresentaram sintomas de abstinência quando ingeriram uma droga que bloqueou os receptores opioides.

Nesse novo estudo, cientistas submeteram ratos depilados a uma dose diária de luz ultravioleta suficiente para bronzear mas sem provocar queimaduras – equivalente a 20 ou 30 minutos do sol do meio-dia da Flórida para um ser humano de pele clara. Depois de alguns dias, os níveis de betaendorfina aumentaram no sangue dos camundongos. Em seguida, os pesquisadores avaliaram, com calor e toque, a tolerância à dor, um marcador da dependência de drogas opioides. Os ratos submetidos aos raios UV demonstraram limiar até três vezes mais elevado do que os ratos que não passaram pelo bronzeamento. A resistência ao incômodo aumentou na mesma medida em que os níveis de betaendorfina se elevaram.

Quando os ratos bronzeados receberam um bloqueador opioide, o limiar de dor voltou ao normal. Os animais apresentaram também sintomas de abstinência, como tremores nas patas e ranger de dentes, chegando a modificar comportamentos para evitá-la: aqueles que receberam bloqueadores de opioide em uma caixa escura preferiam passar o tempo em uma branca, apesar da propensão natural dos roedores a ambientes sem iluminação.

Seres humanos e ratos compartilham esses processos químicos. “A betaendorfina pode causar dependência em pessoas”, acredita o coautor do estudo, David Fisher, diretor do Programa Melanoma no Hospital Geral de Massachuset-ts. “Tomar sol é gratificante para o cérebro porque precisamos de vitamina D”, explica. O próximo passo, diz, é investigar se há relação desses processos com transtornos afetivos sazonais, o que pode permitir um novo alvo terapêutico.

Fonte: Mente e Cérebro


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