“Liberdade e direitos humanos são conquistas irreversíveis.” Oscar Niemayer
Aprender a amar-se talvez seja de fato a experiência mais solitária e sofrida pela qual possamos passar em nossa existência. Antes de tudo é preciso que façamos a dolorosa e transformadora experiência do autoconhecimento, ou seja, reconhecer em nós o que somos, como somos, o que queremos, como conseguir e a motivação. Assim, a autocrítica é a mãe do autoconhecimento, pois ela é uma bússola ética sempre indicando o caminho que respeita nossos valores, direitos e interesses. Segundo Luc Ferry devemos viver sob o signo da EDUCAÇÃO desenvolvida no curso da história pela civilização humana através do acúmulo cultural. Educação é esperança de libertação.
Para o filósofo francês educação significa essencialmente três coisas: o amor (em seu sentido cristão, o amor ágape, o amor por toda a humanidade, o fazer o bem sem olhar a quem), a lei (entendido como o estatuto normativo que regula as relações humanas e, portanto, permite nossa coexistência pacífica, justa e igualitária) e o saber (interpretado como o conjunto de conhecimentos disponíveis para todos nós, a filosofia, a literatura, a psicologia, a ciência, a arte…). Em suma, o ideal humano universal seria simplesmente ser “educado”, isto é, ser ético, erudito e empático. Amar e respeitar a si e aos outros. Contudo, no mundo capitalista, machista e injusto em que insistimos isso não é possível de maneira mansa e silenciosa. Teremos que escolher de que lado lutar: do oprimido ou do opressor. E ao libertar um libertamos o outro. Assim, podemos viver sem medo e sem culpa. Assim, podemos amar sem vergonha ou egoísmo e podemos ser educados.
Quem por alguma razão se odeia ou se sente inferior ou odeia os outros ou se sente superior está infectado por ideologias que lhe foram inoculadas por um mundo maquiavélico e mesquinho desde o útero. Sem educação é impossível libertar-se. Contudo, mesmo que tenhamos sido manipulados desde o berço ainda assim somos responsáveis pela nossa emancipação. Somos responsáveis por sermos educados, íntegros e gentis. Somos responsáveis por respeitar o direito dos outros e exigir respeito recíproco. Somos responsáveis por não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco. Segundo a filósofa Márcia Tiburi “O ódio é nossa incapacidade de reconhecer o sofrimento dos outros.”. Assim, se queremos superar esse afeto político negativo é preciso reconhecer o direito do outro tal qual o nosso, ou seja, aceitá-lo como sagrado e inviolável. Por isso, se você se sente em conflito consigo mesmo e com seus semelhantes talvez seja hora de mudar de atitude, fazer uma autocrítica, reconhecer seus erros e corrigi-los. O amor é o caminho que conduz a alteridade, ao perdão e a paz.
Segundo o médico Flávio Gikovate mudar é difícil, requer muito esforço e maturidade, mas como nos lembra Leandro Karnal “Não mudar é fatal.”. “O princípio da realidade” de Freud significa semear para colher. Quem não gostaria de colher sem semear? E não amamos senão aquilo que nos desafia e inspira o que há de melhor e mais primordial em nós: o amor e a expansão da consciência. Assim, o princípio da realidade consiste basicamente em se identificar sua vontade verdadeira, elaborar uma estratégia de execução e agir para a realização do seu projeto de vida. Naturalmente é imprescindível ter uma visão do todo e uma visão do futuro. Acreditar. Acreditar em si e no amor.
“Sem ação não há esperança.” Sartre