“Como faço para encontrar a felicidade?”, esta talvez seja uma das perguntas mais ouvidas pelos psicólogos, no entanto, pouco se pode dizer, não é?
A felicidade é buscada há séculos, mas pela dificuldade de receitar os caminhos para alcançá-la, pouco avanço tivemos em tal busca. As pessoas são diferentes, logo torna-se impossível garantir um caminho certeiro para ser feliz, porém é possível estudar o assunto, procurando encontrar fatores que auxiliam em uma vida melhor, e é isso que muitos pesquisadores tentam fazer.
Os hábitos de pessoas supostamente felizes foram documentados em estudos recentes e apresentam um tipo de padrão. Aparentemente (e paradoxalmente, é preciso dizer), atividades que causam desconforto, incerteza, e até mesmo uma pitada de culpa estão ligadas às experiências inesquecíveis e divertidas das vidas das pessoas.
Pelo que foi visto, as pessoas consideradas felizes, têm vários hábitos não-intuitivos que poderiam ser facilmente considerados como infelizes. Em resumo, não é surpresa que nem tudo aquilo que os livros de auto-ajuda dizem que pode te fazer feliz tem parcela significativa na sua felicidade.
A felicidade pode vir do inesperado. Dúvida? Confira os segredos inusitados da felicidade:
1- Correr riscos
Ok, Vida em Equilíbrio, vocês enlouqueceram? Em que mundo correr riscos pode ser bom? A ciência diz que sim.
A sensação de satisfação, em muitos casos, provém principalmente de situações desgastantes, incertas e complicadas.
Os psicólogos do estado do Colorado Todd Kashdan e Michael Steger, em um estudo realizado em 2007, monitoraram durante um período de 21 dias, as atividades diárias de estudantes e como eles se sentiam, e chegaram a conclusão que aqueles estudantes que sentiam curiosidade em determinado dia também se diziam mais satisfeitos com a vida, pois acabavam se envolvendo em números maiores de atividades que conduziam à felicidade.
A curiosidade, te conduz ao risco, é aquele estado pulsante do não-saber.
É sábado à noite, e você quer sair com seus amigos. Se você quiser ter certeza de que vai chegar em lugar e ficar satisfeito, basta ir naquele lugar de sempre. Mas se, em vez disso, você escolher um tipo de festa que nunca experimentou, você corre o risco de não gostar muito daquele tipo de música ou estilo de local, mas pode ser que se surpreenda com um novo estilo de evento.
Em geral, as pessoas curiosas entendem que, embora não seja fácil se sentir desconfortável e vulnerável, este é o caminho para se tornar mais experiente, forte e sábio. A curiosidade é querer explorar, apesar dos riscos.
É evidente que existem muitas circunstâncias na vida em que o melhor mesmo é aumentar seu grau de satisfação, simplesmente fazendo o que te faz bem. Mas precisamos ter em mente que, de vez em quando, vale a pena buscar uma nova experiência, ainda que mais complicada, incerta e até mesmo desgastante. As pessoas mais felizes optam pelas duas vias e assim se beneficiam de ambas.
2- Pequenos detalhes
Quando pensamos em pessoas muito felizes, a crítica de que elas não são realistas sempre parece surgir, afinal, aparentam levar uma vida de conto de fadas, não reclamam de problemas, não levam em conta os perigos e os problemas do mundo. Mas será que é verdade?
A questão é que as pessoas satisfeitas tendem a ser menos analíticas e atentas a detalhes.
O psicólogo Joseph Forgas, da Universidade de New South Wales, ao conduzir um estudo constatou que pessoas com uma “predisposição” à felicidade, aquelas que tendem a ser positivas — são menos céticas do que as outras. São pessoas menos críticas e mais receptivas com desconhecidos, fator que as torna mais suscetíveis a mentiras e golpes.
Já aquelas que prestam muita atenção nos detalhes, tendem a ser menos alegres. Inclusive, o psicólogo da Universidade Virginia Commonwealth, Paul Andrews, afirma que a depressão é, na verdade, uma questão de adaptação. De acordo com a lógica, pessoas depressivas tendem a refletir e processar mais suas experiências do que as outras — e, consequentemente ter mais insights sobre si mesmo e sobre a condição humana, ainda que paguem um preço emocional por isso.
É certo que um pouco de atenção aos detalhes ajuda a avaliar nosso universo, mas a moderação também deve ser prezada, afinal, muita atenção aos detalhes pode interferir no nosso funcionamento cotidiano, como já foi afirmado nas pesquisas realizadas pela psicóloga Kat Harkness, da Queen’s University.
Segundo os estudos de Kat, as pessoas que sofrem com a depressão são mais propensas a notar variações nas expressões faciais dos outros. Enquanto que as pessoas felizes tendem a ignorar tais mudanças repentinas, seja um ar de aborrecimento ou um sorriso sarcástico. A pessoa deprimida ou irritada certamente notará com maior facilidade.
Um leve exemplo desse fenômeno é quando você discute com seu parceiro e fica de mau humor. Magicamente você começará a notar aquelas mudanças de expressão que geralmente surgem de uma briga (“Eu vi você virar os olhos pra mim! Por que você fez isso?!”), porém quando estamos de bom humor, ignoramos totalmente esses detalhes, afinal não damos sentidos a eles.
3- Torcer pelas pessoas
De acordo com uma pesquisa da Gallup World Poll, o melhor e mais certeiro indicador de felicidade no trabalho é se a pessoa tem ou não um melhor amigo com quem pode contar.
O apoio de um amigo, ajuda a aliviar as pancadas difíceis da vida e auxilia a vítima a superá-las. Assim como comemorar com seu amigo o sucesso do mesmo, faz com que a data seja marcada ainda com mais ênfase. Novas pesquisas revelam que as pessoas mais felizes são aquelas que estão presentes nos sucessos dos amigos e cujas realizações são comemoradas por eles. Mas talvez, encontrar pessoas que realmente conseguem compartilhar a alegria e realização dos outros sem sentir inveja, seja ainda mais raro que encontrar pessoas totalmente felizes.
4- Sentimentos negativos à mostra
Admitir que sentimos raiva ou inveja pode nos tornar mais flexíveis, e a habilidade de mudar nosso estado mental é fundamental para o bem-estar.
As pessoas felizes, não costumam esconder seus sentimentos negativos. Elas conseguem reconhecer que a vida é cheia de decepções e batem de frente com elas, usando da raiva para se defesa e da culpa para ter motivações para mudar seu próprio comportamento. Esta hábil alternância entre prazer e dor — habilidade de mudar seu comportamento para atender à demanda da situação — é conhecida como flexibilidade psicológica.
É claro que aprender a lidar com o desconforto emocional é algo que se faz aos poucos. Mas você já pode começar a tentar, na próxima vez em que tiver um desentendimento com alguém, em vez de beber uma dose de uísque, procure tolerar aquele sentimento por alguns minutos. Com o passar do tempo, sua capacidade de tolerar emoções negativas irá aumentar.
5- Encurtar a curtição
Que uma vida constituída só de objetividade é chata, provavelmente todo mundo concorda, mas uma vida só de prazeres também não mantém sua vida em equilíbrio. As pessoas felizes sabem a hora de se permitir certas indulgências momentâneas que são gratificantes… Se você se concentrar somente em atividades que dão prazer instantâneo, provavelmente poderá estar perdendo os benefícios de ter uma meta definida.
Outras informações:
Segundo a pesquisadora da Universidade da Califórnia, Riverside, Sonja Lyubomirsky, 40% de nossa capacidade de ser feliz está ligada ao poder de mudança.
Panamá e Paraguai são os países mais positivos no mundo, 85 em cada 100 residentes desses países dizem ter sentimentos positivos.