Coronavírus: quando vamos poder voltar às ruas?

No mundo inteiro, idas para locais de trabalho, parques, lojas e supermercados caíram de forma substancial desde o começo do ano, conforme diversos países passaram a adotar medidas sérias de distanciamento social como uma forma de impedir a propagação do novo coronavírus.

Durante a pandemia, muitas pessoas já estão se perguntando quando será possível voltar à rotina que tinham antes da covid-19, mas de uma forma segura. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e do MIT usaram dados do tráfego de pessoas em cidades como Nova York, Colúmbia Britânica e Los Angeles durante a pandemia para estipular o quanto é possível as pessoas circularem livremente sem desencadear grandes ressurgimentos do surto.

É possível aumentar o nível de circulação com segurança?

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay/Reprodução)

Os cientistas aproximaram a taxa de crescimento dos casos confirmados antes das medidas de isolamento e adotaram o que foi considerado um cálculo razoável do impacto da restrição de movimento para impedir a propagação da doença. O resultado atingido apontava que locais como São Francisco poderiam chegar a 70% de sua movimentação normal. Já na Colúmbia Britânica, que utilizou extensos testes iniciais para achatar a curva da doença, poderia chegar a 78%.

Segundo o estudo, até mesmo regiões como Los Angeles, o maior centro de casos e fatalidades por covid-19 na Califórnia, poderiam aumentar o nível de circulação de pessoas após a onda inicial de casos.

Mesmo assim, existem muitas incertezas

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Entretanto, Jacob Steinhardt, um dos pesquisadores e professor assistente de estatística da Universidade da Califórnia, não deixou de enfatizar que as conclusões são altamente incertas e que as estimativas provavelmente são muito altas. Ele também acrescentou que não se deve aliviar substancialmente o isolamento sem antes estabelecer formas eficazes de rastrear os casos, para detectar rapidamente possíveis aumentos nas taxas de infecção.

As incertezas no estudo servem para mostrar o quão difícil é estimar os efeitos da diminuição do isolamento social. Até o momento, grande parte das simulações sobre a covid-19 explorou até que ponto diferentes graus de distanciamento podem prevenir a propagação da doença, em uma tentativa de prever como diminuir as restrições sem causar grandes impactos à saúde da população.

Ainda é preciso uma compreensão maior da covid-19

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay/Reprodução)

O Mordecai Lab de Stanford também desenvolveu um modelo para analisar diferentes modos de gerenciamento das próximas fases da pandemia em diversas áreas do norte da Califórnia, explorando situações como a de estender as medidas de permanência em casa por meses, alternar com a imposição e revogação de restrições sociais, além de aumentar o número de testes na população e isolar os pacientes infectados. Segundo a equipe, quanto mais as regiões adotarem esse sistema com eficiência, menos serão o número de casos — sem a necessidade de adotar novamente as medidas mais estritas.

Contudo, o modelo é muito complicado, e os dados necessários são escassos, ou seja, até que os pesquisadores entendam melhor alguns dos princípios básicos da covid-19, essas análises só podem fornecer estimativas aproximadas e com grandes margens de erro.

Uma limitação adicional no trabalho dos cientistas do MIT e da Universidade da Califórnia é que os dados de mobilidade estão correlacionados com as interações humanas, mas essa aproximação é imperfeita. Afinal, a população mundial não está se movimentando tanto, o que sugeriria um número menor de encontros diretos que poderiam auxiliar na propagação do vírus. No entanto, vale lembrar que, em termos do risco da doença ser espalhada, andar alguns metros até uma festa cheia de gente ainda é pior do que dirigir alguns quilômetros até o parque sem ninguém.

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay/Reprodução)

O estudo também usou como base medidas que não são consideradas ideais, como o uso de internações e fatalidades para estimar a prevalência da doença antes do isolamento. Além disso, a imprecisão dos testes ajuda a aumentar a incerteza. Por exemplo, se a contagem de casos estiver aumentando, mas a realização dos testes também, fica difícil decifrar se o vírus está se propagando mais ou se apenas uma quantidade maior de infectados está sendo avaliada.

Isso produz resultados confusos que impede a criação de políticas claras para afrouxar ou aumentar o isolamento social. Por fim, os responsáveis pela pesquisa enfatizam que é preciso criar medidas de vigilância para a covid-19, o que ajudaria a reduzir a incerteza e encontrar um equilíbrio apropriado entre reabrir os comércios e minimizar os riscos à saúde pública.

Possíveis meios para aumentar a precisão

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Segundo os responsáveis pelo estudo, algumas formas de fazer isso incluiriam: a realização de testes virológicos em uma amostra aleatória com cerca de 20 mil pessoas por dia em uma determinada região; a criação de pesquisas online em larga escala solicitando às pessoas que relatem possíveis sintomas; aplicação de testes para verificar a prevalência de material viral em águas residuais, uma técnica que ajudou a apontar surtos de poliomielite no passado.

Fonte: Megacurioso


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