É inegável que há pessoas melhores que outras em reconhecer rostos que já viram na televisão ou no meio de uma multidão. Há um grupo muito pequeno no mundo, porém, de apenas 1%, que se enquadra na classificação de “super-reconhecedores faciais”. Quem estuda este fenômeno é o psicólogo Josh Davis, da Universidade de Greenwich (Reino Unido).
Davis desenvolveu um teste online para identificar estes super-reconhecedores. O teste com duração de poucos minutos é apenas um primeiro passo neste estudo. Quem conseguir identificar corretamente pelo menos 10 rostos, pode continuar para a segunda fase do teste, que consome mais tempo.
Uma habilidade esquisita
Em 2009, um grupo de neurocientistas de Harvard conduziu um dos primeiros testes dos super-reconhecedores. Na época, eles estudaram apenas quatro pessoas que afirmavam que tinham uma habilidade fora do comum em reconhecer rostos.
Os quatro voluntários contaram aos pesquisadores sobre ocasiões em que reconheceram pessoas que eram praticamente estranhas: membros da família que não haviam encontrado em décadas ou atores de propagandas que viram apenas uma vez na vida. Eles sentiam que não eram normais.
Uma das pessoas do estudo até disse que ela tentava esconder esta habilidade. “Eu fingia que não reconhecia algumas pessoas porque parecia que eu as perseguia ou que elas significavam mais para mim do que elas realmente significam”, disse ela.
Em busca de mais super-reconhecedores
Os pesquisadores tentaram então descobrir quantos super-reconhecedores existem na população mundial. Para isso, eles criaram uma série de testes simples e conseguiram encontrar mais pessoas com esta habilidade.
Por enquanto, porém, não muitos deles foram confirmados. Todos os estudos com este grupo de pessoas são feitos com uma amostra muito pequena – entre duas a seis pessoas. Por isso, é difícil tirar conclusões confiáveis sobre esta habilidade.
Memória comum x reconhecimento facial
Os pesquisadores acreditam que esta habilidade é diferente da memória comum, e que não é uma característica que pode ser melhorada com treinamento, como alguns aspectos da memorização tradicional podem.
Em um estudo recente divulgado na revista PLOS ONE, pesquisadores estudaram dois “campeões da memória” (vencedores de competições de memorização) com registros no Livro Guinness dos Recordes.
Quando os dois campeões passaram por testes de reconhecimento facial, receberam notas medianas.
Rostos têm algo de especial
Na década de 1990, pesquisadores identificaram uma região do cérebro chamada área facial fusiforme, que tem importante papel na habilidade de identificar rostos. Pessoas com danos nesta região têm “cegueira para rostos”, ou prosopagnosia, a incapacidade de reconhecer rostos.
O neurologista e escritor Oliver Sacks foi uma personalidade conhecida por sofrer de prosopagnosia. Ele escreveu sobre isso no livro The Mind’s Eye. “Sou muito melhor em reconhecer os cães dos meus vizinhos (eles têm formatos e cores característicos) do que os meus próprios vizinhos”, disse ele. [Science Alert] [Hypescience]