Mães experientes e amigas com filhos mais velhos sempre me diziam que as preocupações com os filhos não acabam jamais, e só vão ficando mais e mais complexas. Acho que vivi um pequeno hiato, quando os meus já não eram mais tão pequeninos, dormiam bem, comiam bem, já tinham certa autonomia, porém ainda estavam bem longe da adolescência ou mesmo da pré-adolescência para trazer as questões típicas destas fases. Mas, como diz a doce canção, a vida é trem-bala e, num respiro, a paisagem da janelinha muda completamente. Os rostinhos bochechudos vão dando lugar a um lindo sorriso de criança. A voz de nenê vai ganhando um timbre mais assertivo, e sempre pronto pra argumentar e negociar! E as preocupações com viroses ou resfriados recorrentes, alimentação ou sono vão dando espaço a questões mais profundas. Não que um bebê que acorde a noite toda, ou uma criança que coma mal representem desafios fáceis de lidar, muitas vezes não são. Mas acredito que sejam desafios de ordem mais prática.
Em geral, sabemos exatamente o que fazer, e nossas intervenções se fazem bastante eficientes. Mas, conforme as crianças amadurecem e começam a trazer temas sobre pertencimento, amizade, sonhos, frustrações, a coisa já não fica mais tão objetiva. Muitas vezes os dilemas emocionais dos filhos podem se mesclar aos dos pais, pois não é porque alguém chegou aos “inta” ou aos “enta” que fez um reset absoluto de todos os incômodos, adversidades ou medos que um dia os tocaram.
Muitas vezes tentamos aconselhar ou apontar determinada direção, apenas para dar-nos conta de que aquele conselho só faz sentido com a cabeça que temos hoje, justamente por tudo aquilo que vivemos e aprendemos até aqui. Nosso lado racional sabe que determinadas lições só serão absorvidas com a vida, com os desafios, e enfrentando as situações difíceis, mas nosso instinto maternal ou paternal quer proteger nossa cria de todas as dores, deixar tudo sempre confortável e brilhante, para que aquele lindo sorriso nunca se dissipe.
E assim, pouco a pouco, vamos somando algumas novas angústias às nossas de estimação, e vamos aprendendo a lidar, não somente com o nosso, mas também com aquele outro (ou outros) corações batendo fora do peito – como tão bem diz uma frase que viralizou por aí. Sim, crescem as preocupações, mas também crescem as alegrias e o amor, este em uma proporção mil vezes maior!
Por Autoterapia