Essa é uma questão que percorre o pensamento humano há séculos; como conhecemos aquilo que conhecemos? Até onde vai a nossa capacidade cognoscitiva?
Não há como falar a respeito dos limites do conhecimento, sem citar um dos maiores filósofos que o mundo já teve a oportunidade de receber, me refiro a Immanuel Kant, autor nascido em Königsberg, no leste da Prússia. Seu pensamento é um verdadeiro marco para filosofia, dividindo os dois períodos mais importantes da filosofia moderna.
(Já havia falado dele na postagem: “A preguiça e a covardia do pensar por si mesmo“, texto no qual apresento uma de suas ideias a respeito do esclarecimento, ou seja, a negação de uma condição de menoridade, na qual a inteligência de um individuo passa a ser guiada por um outro devido a conveniência proporcionada pelo abandono da responsabilidade de governar o próprio entendimento, a própria vida.)
A Crítica da Razão Pura (em alemão, Kritik der reinen Vernunft), é uma de suas principais obras, a primeira das três críticas sendo elas; Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica do Juízo.
Nesse texto, iremos falar sobre a Crítica da Razão Pura (KRV), porque é nesse escrito que Kant abordará profunda e rigorosamente a questão dos limites do conhecimento possível humano e, ele faz isso procurando estabelecer uma espécie de tribunal da razão, para no mesmo serem julgadas as supostas pretensões da razão.
O autor prussiano, distingue “conhecer” de “pensar”. Não conhecemos as coisas como elas são, conhecemos apenas como elas se apresentam a nós, ou seja, conhecemos os fenômenos, nunca a coisa em si, existindo um limite, portanto, daquilo que podemos, de fato, conhecer.
A coisa em si, seria o nosso grande e inalcançável X, o incognoscível.
E o que isso quer dizer? A grosso modo; nosso conhecimento termina, onde termina o limite da experiência possível, ou seja, aparentemente o domínio da nossa racionalidade é limitado, mas isso não quer dizer que não possamos pensar a respeito das coisas que estão além das coisas empíricas. Eis o motivo pelo qual distinção citada acima é fundamental em todo o trajeto do seu pensamento filosófico.
À primeira instância parece que o escopo da nossa racionalidade é bem reduzido, no entanto, conhecendo um pouco mais a respeito do pensamento kantiano, será possível notar que até mesmo na moralidade, temos como base a racionalidade, afinal a moral kantiana não está interessada nos sentimentos e inclinações humanas.
Sem mais delongas, o ponto é que quando tratamos por exemplo de liberdade, de alma ou Deus, não estamos falando de conhecimento, porque se fosse, não seria empírico, não seria derivado da experiência, não poderia ser chamado, portanto, de “conhecimento”.
É claro, na KRV, todo o processo dessas conclusões é explicado sistematicamente. Kant faz uma dedução de todos os elementos pelos quais o sujeito determinaria o objeto a ser conhecido, o que nos conduz à “Revolução Copernicana”, afinal para que o conhecimento aconteça, nosso aparato cognitivo precisa estar envolvido, assim como nossa capacidade receptiva.
Em suma, nosso conhecimento não é nada mais do que aquilo que fazemos com os dados que recebemos através de nossa capacidade passiva de recebê-los e de nossa habilidade ativa de organizá-los. Estando, portanto, inteiramente adstrito aos limites da experiência. Só conhecemos aquilo que podemos receber e processar.