Os meus filhos saíram de casa, e agora?

Chegará o momento em que os filhos, assim como os filhotes de pássaros, abandonarão o seu lar para alçarem voos nas suas jornadas da vida. A saída dos filhos de casa é encarada por muitos pais como um processo doloroso. A ideia de que aquela criança frágil e indefesa se tornou um adulto forte e viril pegam muitos pais de surpresa, de tal modo que alguns ainda resistem em libertá-los, deixando-os viver as suas próprias vidas.

Esta condição psicológica que afeta, em especial, as mães é chamada de síndrome do ninho vazio. Não é raro observar uma mistura de sentimentos nessa etapa, o que inclui o medo, a perda, o abandono, a solidão, a tristeza e a depressão. Por um lado, os filhos enfrentam os seus próprios medos por estarem por conta própria fora de casa e, por outro lado, os pais se questionam se os filhos estão, de fato, prontos para iniciarem sozinhos uma vida adulta. A preocupação se torna ainda maior quando os filhos ocupavam todas as atenções dos pais, já que agora os pais não encontram mais esta ocupação e correm um sério risco das suas vidas caírem em um grande vazio.

É bom se lembrar que a saída dos filhos de casa é um processo natural e é perfeitamente normal você se sentir triste por algum tempo. Imagina só passar, por exemplo, 18 anos convivendo com os seus filhos, levando-os para a escola, acompanhando de perto os dramas da sua adolescência e vendo-os crescer? O que se coloca a seguir é: Você sabe o que fazer consigo mesmo agora que os seus filhos saíram de casa?

Em primeiro lugar, saiba que todo ajuste requer tempo. Agora você está lidando com uma nova dinâmica familiar, então respeite os seus limites e observe os efeitos que estas mudanças exercem sobre o seu comportamento. Acredite, não é o fim do mundo! É possível sim seguir em frente, apesar da forte crença de muitos pais que as coisas não serão mais as mesmas.

Pode ser duro fazer essa análise:

Será que você não está sendo um pouco egoísta por querer os seus filhos sempre por perto? Não está fazendo com que se sintam culpados por terem saído de casa? 

Muitos pais, ao conceberem os seus filhos, nutrem o desejo de que eles se tornem no futuro os seus cuidadores e esquecem que eles precisam também ter a sua própria vida, seguir os seus planos e tornarem-se independentes.

É errônea a ideia de que a independência dos filhos fará com que se esqueçam dos seus pais. Hoje em dia é muito fácil manter contato com a família, seja por telefone, rede social ou e-mail. Amar também envolve possibilitar a liberdade do seu filho, e não tenha dúvida que por oferecer o espaço necessário para que desenvolva a sua individualidade, ele se tornará muito mais completo e a qualidade das suas relações, incluindo familiares, será enriquecida.

Em seguida, questione-se:

Quais foram os sonhos que você deixou de lado ao ter se tornado mãe ou pai? e se você tiver um(a) companheiro(a): Qual o sonho que vocês poderão compartilhar juntos?

Esse é o momento ideal para resgatar os antigos projetos arquivados no baú. É a ocasião certa para iniciar o cuidado consigo mesmo e com a sua relação amorosa que, há muito tempo, você foi adiando. Lembre-se que você é o prêmio! Então, por que não frequentar o seu restaurante favorito, viajar para um local bem especial, visitar os velhos amigos ou iniciar um novo hobby?

Que tal resgatar os velhos sonhos?

Por ter mais tempo para cuidar de você, perceberá que, pouco a pouco, o foco em questão deixará de ser o vazio da sua casa e passará a ser simplesmente as coisas boas que você faz para si mesmo.


Saulo de Oliva

Médico, especializado em Psiquiatria. Psicólogo.

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