Trump se elegeu o novo presidente dos EUA com o discurso sofístico de que não era um político profissional e por isso seria um presidente melhor do que Hillary, um ser humano do sexo feminino, o que é sempre muito perigoso, principalmente se você for homem (Afinal, uma mulher pode levá-lo ao casamento.). Eu te interpelo, curioso: você se trataria com alguém que não fosse um médico profissional e acharia que por isso ele seria capaz de exercer melhor a medicina?
Eu vi alguns comedores de capim pela internet, meu Deus, eu disse comedores de capim? Eu me enganei. Eu quis dizer, eu vi alguns intelectuais politizados da internet demonizarem Trump como se ele fosse o anticristo corruptor de pessoas boas, éticas e justas. Em verdade, ele reflete a essência de muita gente. E o mundo é absurdo. Existem pessoas que entram na Justiça para pleitear o direito de amputarem seus membros. E você, me pergunta, pode isso, Arnaldo? Não, querida. A lei brasileira veda a auto-mutilação. Por que diabos o sujeito iria querer amputar uma perna ou um braço?
Pior, por que milhões de mulheres votaram no misógino Trump depois dele dizer com todas as letras: “Vocês são apenas um belo pedaço de carne.”. As que tiveram sorte de nascerem belas porque as feias deveriam ter nascido mortas segundo ele. Cuma? Cuma? Esse psicopata não respeita o ser humano, não respeita os sentimentos dos outros, não tem consciência. Tudo que ele faz é manipular as pessoas através do medo e incitar o ódio as diferenças que fizeram os EUA rico e grandioso. O medo sempre funciona. Uma pessoa contaminada pelo medo irá renunciar aos seus direitos e seguir seu sedutor. Há inclusive quem o ache divertido como se não houvesse uma fronteira entre o humor e o horror. E há quem diga que ele é burro. Cuma? Bilionário, presidente dos EUA, burro?
Ele pode não ser um advogado culto e inteligente como o Obama, mas burro ele não é. Ele é mau-caráter mesmo. Ou você não sabia que o mal existe? O mal existe, pessoas preconceituosas, arrogantes e malignas como Trump existem. E como disse a Márcia Tiburi referindo-se ao machismo “Está na hora de introduzir o ódio nessa história.” Não o ódio gratuito (do Trump, por exemplo, por todos que não sejam americanos brancos), mas o “ódio justo”, o ódio às injustiças e covardias, o ódio contra o ódio e a antiética.
Pensar na política como um campo de batalha dividido entre o bem e o mal é uma ingenuidade. Todos os impérios só desejam uma coisa: imortalidade imperial, o que, é claro, só será conseguido ao custo da exploração capitalista do máximo possível do mundo tanto pelo Trump quanto pela Hillary. Talvez a Evolução explique a eleição do Trump. Nos primórdios da humanidade para sobreviver aos perigos da natureza e aos predadores ubíquos os caçadores-coletores elegiam um líder que, em geral, não era o mais forte ou o mais inteligente, mais o mais político, aquele capaz de articular melhor os interesses do bando. Os EUA só pensam nos EUA. Trump é perfeito para eles. Mas não para nós.