Somos usuários de informações mais eficientes quando nos concentramos em uma tarefa por vez. Quando tentamos fazer mais de uma coisa, sofremos com a cegueira de atenção, uma falha ao reconhecer outras coisas, como pessoas caminhando em nossa direção ou outros motoristas.
Existe uma série de razões por trás desse crescimento da distração.
Um dos motivos mais citados é a pressão do tempo. Existe menos tempo para fazer tudo o que precisamos. Então o multitask seria o resultado da pressão para fazer mais coisas no tempo limitado. Mas vários estudos apontam para o uso discricionário do tempo entre os mais ricos, especialmente entre os homens. Essa superlotação do tempo varia entre gênero e classe. E, paradoxalmente, é um empecilho menor para quem o articula mais.
O teórico de mídia Douglas Rushkoff afirma que nossa noção de tempo foi transformada em uma conjugação distorcida do presente que ele chama de ‘digifrenia’, o efeito criado pelas mídias sociais de estarmos em vários lugares e de termos mais de uma identidade.
Também há algo mais triste. As mensagens, emails e ligações constantes, especialmente em locais públicos, podem ser menos sobre comunicação com outras pessoas e mais sobre sinalizar aos outros que você é ocupado, importante e conectado, que você existe em mais lugares do que aqui e agora.
A era da distração é tão recente que ainda precisamos compreênde-la totalmente. Por vezes a arte é uma boa mediadora das questões mais novas.
Uma instalação em vídeo feita por Siebren Verstag é chamada de “Nem lá e nem lá”. Consiste de duas telas. De um lado tem um homem olhando para seu telefone. Devagarmente sua forma se desmancha quando pixels se movem para a tela adjacente. A forma do homem se move de tela para tela, em dois lugares ao mesmo tempo, mas em nenhum de forma completa.
Um estudo que analisou o efeito de banir celulares em escolas descobriu que o desempenho acadêmico melhorava bastante sem os eletrônicos, com as maiores melhoras sendo as de estudantes de notas mais baixas. Eles ganhavam o equivalente a uma hora a mais de aprendizado por semana.
Em muitos câmpus universitários, professores possuem uma política de ‘laptops fechados’ depois que foi notado que os estudantes usavam o computador para ver emails, fuçar na internet e distrair os vizinhos. Isso foi confirmado por estudos que mostravam que ‘donos’ de laptops abertos aprendiam menos e lembravam menos das aulas do que estudantes que não usavam o computador em aula.
Estamos testemunhando uma mudança cultural que ocorre com o banimento de eletrônicos, o uso de celular está sendo controlado em certos lugares públicos e políticas proíbem o envio de mensagens na direção. Isso é reativo. Também precisamos de uma etiqueta cívica proativa para que o pedestre, motorista e outros naveguem por novos códigos de comportamentos públicos.
Muitos cafés na Austrália, por exemplo, não permitem que pessoas peçam nada no balcão enquanto estão nos celulares. Mais clubes de golfe estão banindo os celulares no campo e é ilegal em 38 estados dos EUA que motoristas novos usem celulares enquanto dirigem.
Também há a decisão pessoal, disponível a todos nós, uma prevista pelo escritor e crítico social Siegfried Kracauer, que viveu de 1889 a 1966. Em um artigo de jornal sobre o impacto da modernidade, publicado em 1924, ele reclamou do estímulo constate, da publicidade e da mídia de massa que conspirava para criar uma receptividade permanente que é bem parecida com o nosso mundo de mensagens e celulares.
Uma das respostas, argumentava Kracauer, é se render ao sofá e não fazer nada para atingir um tipo de ‘felicidade que é de fora deste mundo’.
Uma resposta radical é se desconectar, viver no momento e se concentrar em fazer uma coisa importante por vez. Tente por uma hora, depois por um dia. Você pode até ligar para seus amigos para falar da sua missão – só não enquanto caminha, dirige, trabalha, ou falando alto em um espaço público.