Vivemos em um ótimo momento para tentar entender melhor o que passa na cabeça de um político, não? Pois é, alguns psicólogos da Northwestern University e da Harvard Business School tentarão nos explicar. Recentemente, foi descoberto que lembrar de memórias ruins causa “desconforto psicológico”. E isso tem a ver com o conceito do “eu”. Como afirma o site Science of Us, “é natural descartar evidências de que não somos pessoas éticas”. Talvez, isso explique a dificuldade de Eduardo Cunha em querer renunciar à presidência da Câmara, por exemplo.
Com base nisso, pesquisadores fizeram nove experimentos com mais de duas mil pessoas. Em dois destes experimentos, os voluntários eram convidados a escrever sobre experiências éticas e não éticas de suas próprias vidas. Os cientistas puderam notar que as ações éticas das próprias pessoas eram lembradas com muitos detalhes. O mesmo não pôde ser dito das memórias antiéticas. Já as lembranças de ações positivas e negativas de outras pessoas eram lembradas com o mesmo nível de detalhamento. Sérgio Machado sabe bem disso.
Em outro teste, os psicólogos avaliaram a generosidade dos participantes em um jogo de cara ou coroa no qual eles poderiam mentir para conseguir mais dinheiro. Duas semanas depois, os avaliadores testaram a memória dos participantes e constataram mais uma vez que quem havia roubado tinha uma memória mais seletiva.
Maryam Kouchaki, uma das autoras do estudo, contou que a amnésia tem uma qualidade de proteção. As pessoas julgam ser agentes da moral e dos bons costumes — alguns exaltam em alto e bom som a luta e os “serviços prestados” ao país —, até que esta moral imaginária entra em conflito com atos reais. Como afirma o Science of Us, a amnésia antiética age como um comportamento defensivo de adaptação, ajudando nosso ego a contornar verdades indesejáveis.
Artigo publicado originalmente no site americano Science of Us