Certifica-te de que és um fator de soma na vida das pessoas que participas

O ser humano carrega a necessidade de buscar para si um ideal. Geralmente, recorre à procura de aquilo que lhe falta. De acordo com Platão, existem dois tipos de bens que são preciosos na vida do homem: os bens divinos e os humanos.

O ideal do homem seria, portanto, conciliar essa balança procurando o “justo meio” entre ambos. Isto é, não se pode voltar, apenas, para o viés espiritual porque o ser humano vive em sociedade e, como tal, tem o dever de respeitar as leis e manter o estado harmônico de convivência com os seus pares. Por outro lado, o homem não poderia voltar os seus interesses, unicamente, para o viés materialista porque, ao encarar as pessoas ou situações da vida como objetos, perderia a sensibilidade e o senso de altruísmo para com o seu semelhante.

Assim como a árvore precisa do ar que está acima dela e das raízes que estão fincadas no solo abaixo, nós, seres humanos, temos a necessidade de nos conectarmos com os valores espirituais que trazemos conosco e, ao mesmo tempo, precisamos garantir o nosso sustento material.

O ideal espiritual deve estar presente em todos os nossos atos. O ser humano está ciente de que o viver envolve a responsabilidade de tomar a consciência dos seus próprios atos. Vive não apenas para si, mas também para ajudar todos os seres que estão no seu entorno. Reconhece, portanto, que está interconectado com o universo ao seu redor. A força viva da sua natureza o move ao desejo irresistível de propagar o bem refletido por suas ações.

Jung nos fala que é mais fácil começar do zero e levar o homem à lua do que começar do zero e levar o homem ao interior de si mesmo. Entretanto, não há como correr do encontro com a sua essência. A conscientização do dever moral requer momentos de introspecção, no qual o homem entra em contato consigo e decide aprender a gostar do que lhe faz bem. Se está apto a conviver melhor consigo, naturalmente, irá conviver melhor com as outras pessoas. Deixará de ver o outro como um ser à parte, mas passará a percebê-lo como um companheiro de jornada. As pessoas ou situações que parecem difíceis de serem enfrentadas, passarão a ser vistas como provas que irão contribuir para o seu crescimento.

Afinal, o homem possui um magnetismo e atrai para si as experiências que precisa passar para se tornar um ser melhor. Se alguma situação chegou até ele, por mais difícil que seja, é porque o mesmo tem perfeitas condições de enfrentá-la.

O homem constrói a si mesmo por meio dos seus atos. Cabe a cada um de nós refletirmos o ideal de ser humano que estamos formando.

Quem você imagina ser? Quais são os seus sonhos mais grandiosos para com a vida? Como você tem contribuído para a evolução da humanidade?

Você é aquele que decide ser – o ato de vontade decide para onde você deve ir.

Até onde você quer chegar?

Conhece-te a ti mesmo, domina-te a ti mesmo, transforma-te a ti mesmo para que, então, concluas, como afirmou Cícero, de que:

“És um fator de soma na vida das pessoas que participas.”


Saulo de Oliva

Médico, especializado em Psiquiatria. Psicólogo.

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