A vacina provisória que a empresa de biotecnologia Moderna está desenvolvendo contra o coronavírus que causa a covid-19 conseguiu gerar anticorpos em todas as pessoas que participaram dos testes e apresenta resultados promissores, com pouquíssimos efeitos secundários. O estudo, publicado nesta terça-feira na revista The New England Journal of Medicine, confirma os resultados que a empresa já tinha anunciado em maio. Anthony Fauci, principal voz oficial para questões epidemiológicas nos EUA, qualificou a publicação como “ótima notícia”. As ações da Moderna dispararam 16% na Bolsa. A companhia pode entrar agora na fase final de testes.
“Os resultados são muito promissores. Vamos rapidamente para as fases 2 e 3. Estamos trabalhando muito para ter uma vacina até o final deste ano nos EUA, e espero que no primeiro semestre de 2021 em outros países. Estamos muito motivados e orgulhosos de, humildemente, continuar tendo a oportunidade de ser a primeira vacina contra a covid-19”, dizia em maio ao EL PAÍS o farmacêutico espanhol Juan Andrés, diretor técnico do laboratório Moderna.
Os resultados publicados nesta terça-feira confirmam que todos os indivíduos que participaram dos testes desenvolveram proteção contra a doença sem efeitos secundários. “São ótimas notícias”, disse o epidemiologista Fauci ao The Wall Street Journal. Fauci é desde 1984 o diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas (NIAID, na sigla em inglês), integrado aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que por sua vez participam da pesquisa para o desenvolvimento da vacina.
“Os anticorpos neutralizantes são o mais importante para a proteção contra uma infecção viral”, disse Fauci. “E os dados do estudo, embora os números sejam pequenos, deixam muito claro que esta vacina é capaz de induzir ótimos níveis de anticorpos neutralizantes”. Os resultados se baseiam nos testes com 45 participantes, com idades entre 18 e 55 anos.
A Moderna foi a primeira empresa a começar o estudo sobre o novo coronavírus em humanos, em 16 de março, apenas 66 dias depois de ser publicada a sequência genética do vírus. O Governo dos Estados Unidos financiou a investigação com quase 500 milhões de dólares e escolheu a empresa entre as primeiras para fazerem testes em humanos em grande escala.
Os dados da fase 1 de experimentação “demonstram que a vacinação com o ARNm-1273 [o nome da vacina candidata] provoca uma reação imunológica em todas as dosagens”, disse o diretor médico da Moderna, Tal Zanks, citado pela Efe.
O estudo passa agora a uma nova fase, com início em 27 de julho, envolvendo 30.000 participantes em quase 90 localidades dos Estados Unidos. Os pesquisadores inocularão a vacina na metade dos participantes, e um placebo na outra metade. O estudo deve durar até outubro de 2022, mas a companhia estima que terá resultados antes dessa data. O laboratório Moderna disse na terça-feira que já tem doses suficientes para toda a pesquisa e está em condições de produzir 500 milhões delas por ano.
Fonte: El País