Os filmes com viés filosóficos ajudam a compreendermos e interpretarmos o mundo. Muito disso se deve à intenção do direto: comercial ou agregador? Ao final da matéria disponibilizamos o link de um site onde você encontrará os filmes citados para download gratuitamente.
1. Filme do Desassossego
Lisboa, hoje. Um quarto de uma casa na Rua dos Douradores. Um homem inventa sonhos e estabelece teorias sobre eles. A própria matéria dos sonhos torna-se física, palpável, visível. O próprio texto torna-se matéria na sua sonoridade musical. E, diante dos nossos olhos, essa música sentida nos ouvidos, no cérebro e no coração, espalha-se pela rua onde vive, pela cidade que ele ama acima de tudo e pelo mundo inteiro. Filme desassossegado sobre fragmentos de um livro infinito e armadilhado, de uma fulgurância quase demente mas de genial claridade. O momento solar de criação de Fernando Pessoa. A solidão absoluta e perfeita do EU, sideral e sem remédio. “Deus sou eu!”, também escreveu Bernardo Soares.
2. The Eichmann Show (Tem na Netflix)
O longa-metragem mostra como foi a transmissão televisiva do julgamento de Adolf Eichmann o nazista responsável pela deportação e extermínio de milhares de judeus no Holocausto. O julgamento aconteceu em Jerusalém, em 11 de abril de 1961.
O diretor da transmissão tenta encontrar a humanidade em Eichmann porque ele acredita que todos, sem exceção, temos pelo menos um pouco dentro de nós. Contudo, Eichmann não a demonstra – ele fica o tempo todo indiferente.
O filme aborda a discussão: Nós somos o que somos? Ou somos resultado de um meio? Ele nos faz refletir, até mesmo, se Eichmann teve humanidade um dia.
3. A Origem (Ficção Científica, 2010)
O filme conta a história intrigante de Don Cobb (Leonardo DiCaprio). Um ladrão que consegue invadir os sonhos de suas vítimas e descobrir todos os seus segredos guardados no subconsciente. Devido a morte de sua esposa, ele é um fugitivo proibido de voltar ao EUA e não pode reencontrar seus filhos.
Em meio às suas pertubações e aflições, ele decide aceitar a missão de um empresário: ele seleciona um time para invadir a mente e plantar uma ideia em um herdeiro japonês.
A Filosofia neste filme pode ser relacionada ao mesmo princípio da questão do platonismo que nós podemos perceber no filme Matrix – fato do mundo inteligível ser diferente do mundo sensível. No filme, vemos a ideia de que o mundo ‘real’ é o inteligível, e os sonhos é o mundo das ideias. Então, o que nós vivemos nada mais é que uma reminiscência, uma lembranças do mundo das ideias. Confuso? Veja o filme!
4. Festim Diabólico (Drama de 1948)
Dois estudantes, de repente, resolvem matar uma pessoa simplesmente para experimentar a sensação de cometer um assassinato. A intenção é provar para si que são capazes de arquitetar o crime perfeito.
Tornando o filme mais sombrio, eles guardam o corpo da vítima em um baú e logo depois convidam alguns colegas para um jantar – que não sabem desse experimento.
O filme trabalha profundamente a questão do uso de máscaras – com elas, ninguém vai perceber quem você realmente é.
Podemos relacionar a Filosofia à questão ética, da verdade e da própria empatia – ou seja, será que você vai matar alguém só para descobrir a sensação de matar?
Também está presente no filme a ética de Kant : nem tudo que é bom é certo. Às vezes você quer fazer algo, mas aquilo não é certo. Ou, então, pode existir uma coisa certa a se fazer e você não quer.
5. Show de Truman
A trama começa no dia 10.909 da vida Truman e os flashbacks que explicam um pouco da história do personagem e porque ele acaba sendo fadado a permanecer nesta inércia, ao mesmo tempo em que nos questionamos porque ele simplesmente “não resolve sair dali”, Christof numa entrevista deixa claro: “aceitamos a realidade que nos é apresentada”.
E isso passa não só por Truman, mas por cada cada telespectador que acompanha de forma ininterrupta a vida de alheia.
Ao ver o filme é impossível não ligar isso à crítica voraz a sociedade calcada no entretenimento e o papel que a mídia tem na sociedade, esta sociedade humana que ao contrário de qualquer outro ser vivo constrói o habitat a seu redor, transformando assim a mídia como um fator regulamentador desta ordem.
Sabemos que os reality shows são cada vez mais frequentes na sociedade e numa mídia essencialmente capitalista, que se importa em apresentar aquilo que você “deseja ver”, e a curiosidade da vida alheia que faz despertar a sensação de ser vigiado o tempo inteiro.
Transformando em sonho um desejo por prêmio, este o bife preso no anzol de uma vara de pescar, fazendo-os, tanto espectador como participante, ignorar completamente o estado de direito dele próprio, no caso Truman, à sua privacidade.
6. Muito além do Jardim
A trama conta a história interessante de um jardineiro que nunca havia saído da casa de seu patrão e, por isso, só conhecia o mundo que era apresentado na televisão. Quando o dono da casa morre, ele precisa sair de lá e passa a descobrir a verdadeira Nova Iorque.
Ele também trabalha com a temática de romper com a sua realidade, pois trabalha o Mito da Caverna mais uma vez.
7. O Feitiço do Tempo
O enredo começa falando de um repórter muito arrogante que foi escolhido para cobrir o “Dia da Marmota”, um evento que acontecerá em uma cidadezinha do interior. A imprensa fica atenta a esse dia, porque dependendo de como a marmota sair do seu esconderijo, os americanos saberão se o inverno será rigoroso ou não.
No entanto, uma coisa muito estranha acontece, como literalmente um feitiço no tempo. O repórter fica preso nesse acontecimento – ele filma a Marmota, dorme e quando acorda, ele está prestes a fazer a reportagem novamente.
O filme trabalha dois conceitos importantes dos pré-socráticos. Parmênides: o princípio da identidade, diz que o ser é totalmente imutável. Já Heráclito fala que tudo muda, tudo flui, tudo está em transformação continua.
Os dois se juntam aqui porque eles vão passar um dia em que tudo evolui e vai chegar um momento que tudo volta a ser como antes.
8. Inteligência Artificial (Tem na Netflix)
David é um menino-robô adotado por um casal. Porém, ele tem um detalhe diferente: ele não é como os robôs que costumamos ver nos cinemas, a sua grande diferença é que ele foi programado para amar e ser amado.
Infelizmente ele não consegue a aceitação total dos humanos. Por isso, ele segue em busca dos seus semelhantes para entender o seu universo.
Podemos relacionar a Filosofia à questão de construir o conhecimento e a identidade. No caso desta história, o robô vai construindo a identidade dele através da inteligência, do conhecimento e da razão.
9. A Vila
O filme começa falando de uma comunidade que vive no meio de um bosque. Os moradores daquela vila não têm contato com o mundo externo.
Há uma lenda de que eles não podem sair da floresta porque o entorno dela é ocupado por seres monstruosos. Sabendo disso, os moradores mais velhos teriam feito um acordo com esses seres de não avançar os limites geográficos e todos viverem pacificamente.
Estava tudo bem até acontecer um acidente. Um menino com problemas de cognição perde o controle e precisa de ajuda médica. A grande questão é que não há como pegar remédios sem sair da comunidade. Eis que começam as descobertas.
10. A Vida de David Gale
David Gale é um brilhante professor universitário de filosofia e ativista contra a pena de morte. Após o assassinato de sua amiga e colega de trabalho, Constance, Gale é acusado pelo crime e condenado à pena de morte. Às vésperas de sua morte, David pede a presença da repórter Bitsey Bloom para que ele lhe conceda uma entrevista exclusiva, onde finalmente contaria toda a verdade sobre o caso.
12. Matrix
Filme Fantástico! Um programador (Thomas ) que começa a ter pesadelos: um sonho estranho com um computador sendo ligado ao seu corpo. Totalmente perturbado, ele costuma acordar no momento em que os eletrodos seriam implantados em seu cérebro.
Finalmente ele descobre que “Matrix” é um sistema de computador que manipula a mente das pessoas e forja uma falsa “realidade”. Ele é recrutado por Morpheus e Trinity para lutarem contra esse mundo artificial e voltarem para realidade.
Em termo filosóficos do filme, o eixo central é o Mito da Caverna de Platão. O filme trabalha de maneira profunda a ideia do sujeito se libertar daquele mundo que lhe é apresentado como mundo real, mas que na verdade não é. Ou seja, ele precisa romper com o mito e sair da caverna.
Filme da capa: Filme do desassossego
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Adaptado de O Martelo de Nietzsche