As pessoas costumam sentir que o amor as controla, com mais frequência do que o oposto. Também costumamos relacionar o amor ao coração. Mas esse sentimento é provocado por hormônios e reações químicas no cérebro. Quando são usadas imagens do cérebro para examinar o que ocorre com o amor, as áreas iluminadas se sobrepõem às responsáveis pela busca por recompensas e comportamento orientado por objetivos.
Embora a atração romântica pareça espontânea e ligada ao instinto, ela é complexa. Mesmo que áreas específicas do cérebro sejam ativadas, é necessário compreender também porque elas são ativadas, diz o professor de neurologia da Universidade de Londres, Parashkev Nachev em artigo publicado no The Conversation.
O caminho das reações químicas
Artigo publicado pela CNN descreve essas reações químicos. A primeira centelha de atração ativa a área tegmental ventral do cérebro, que produz dopamina ao reconhecer uma potencial recompensa.
A dopamina tem um papel importante em processos como motivação, foco, controle motor, prazer e humor. Mas esse neurotransmissor é mais conhecido pela relação com o vício e o romance.
A dopamina viaja pela via mesolímbica, assim prepara o cérebro para prestar atenção e reagir a recompensas esperadas como comida, drogas e ações prazerosas. Já o núcleo accumbens funciona para o cérebro como um centro de controle de estímulo. Ele acelera a produção de dopamina. Isso inunda o cérebro com sentimentos acentuados de felicidade, euforia e desejo.
Dessa forma, os níveis elevados de dopamina aumentam a euforia e o desejo. Consequentemente, aumenta a atração por quem lhe provoca afeição. É como se você estivesse sentindo os efeitos de um narcótico, que lhe faz querer mais daquilo.
Durante esse processo, o cérebro envia sinal à glândula adrenal, que produz adrenalina e noradrenalina. Essas substâncias são responsáveis por preparar o corpo para lutar ou fugir. São essas reações que deixam as pessoas sem fome, com as mãos suando e o coração palpitando.
Percepção da pessoa amada
O cérebro desativa a amígdala, responsável por controlar a percepção de medo, raiva e tristeza. Por isso, pelo menos a princípio, parece que a pessoa amada não faz nada errado. Isso faz com que as pessoas sintam-se seguras quando estão junto com aquela por quem sentem afeição.
Simultaneamente, é amortecida a habilidade do córtex frontal de usar a lógica, criticar ou pensar com clareza. Depois desses efeitos que despertam nosso interesse, o cérebro passa ao próximo nível de conexão.
Isso porque o cérebro é constituído de forma a salvar a espécie, portanto, atua de forma que as pessoas fiquem juntas por tempo suficiente para gerar uma nova vida.
Por último, o cérebro irá liberar ocitocina, chamada também de hormônio do amor. Ela é produzida, por exemplo, quando as pessoas abraçam, durante a amamentação e orgasmo. De acordo com estudos, a ocitocina fortalece laços sociais. As atividades que ativam essa liberação ajudam casais a criar laços mais fortes.
Assim como pensamentos, emoções e comportamento, o amor está relacionado com diversos processos complexos que ocorrem no cérebro. Mas para Nachev, dizer que o amor se resume a reações químicas deixa passar algo importante. Porque, se fosse simples teríamos uma injeção para induzir amor, ou poderíamos extraí-lo sem prejuízos.
Para o professor, nossas escolhas são complexas e portanto não somos todos atraídos pelas mesmas características. Considerar o amor apenas reações químicas, seria como ver uma música como apenas notas, ou a obra de um poeta simplesmente como a soma de palavras. [CNN Health, The Conversation]
Via Hypescience