Em várias mitologias e religiões, o submundo ou mundo inferior é um termo genérico, que designa qualquer lugar para onde as almas das pessoas mortas vão. Na maior parte das culturas, esse termo se refere a um reino neutro. Do mesmo modo que pode ser um lugar distópico da vida após a morte. E, em algumas vezes, o submundo é identificado como inferno, já que se acredita que ele está sob a Terra.
Em suma, uma entrada para esse submundo nunca foi realmente encontrada. Mas existem lugares no mundo em que habitantes locais conhecem como “entrada para o submundo”. Dessas, existe uma na Sibéria, que é uma das maiores crateras da província. Agora, ela está crescendo mais ainda e, com isso, acabando com florestas antigas e grandes, no caminho, e acelerando algumas mudanças climáticas.
De acordo o Instituto Alfred Wegener (AWI), a cratera de Batagaika cresceu em média 10 metros, por ano na última década. E nos anos que foram mais quentes, esse crescimento foi maior ainda sendo de quase 30 metros.
O preocupante é que esse crescimento ainda pode acelerar exponencialmente, conforme relata a AWI. Uma das paredes da cratera pode atingir um vale que está próximo, em um ano. Isso, caso as temperaturas continuem subindo. Com essa crescente, significa que uma porção maior da terra circundante entrará em colapso.
“Em média, ao longo de muitos anos, vimos que não há tanta aceleração ou desaceleração dessas taxas, está crescendo continuamente. E o crescimento contínuo significa que a cratera fica cada vez mais profunda a cada ano”, disse Frank Günther, do AWI.
Cratera
O maior culpado pelo crescimento dessa cratera é a mudança climática que nosso plante inteiro está sofrendo. Essa mudança provocou o derretimento do permafrost, que é um tipo de solo que sempre está congelado, da Sibéria. E quando ele derrete, desmorona em buracos gigantescos.
“As estimativas globais de carbono armazenado no permafrost são a mesma quantidade da atmosfera. Isso é o que chamamos de feedback positivo. O aquecimento acelera o aquecimento e esses recursos podem se desenvolver em outros lugares”, disse Günther.
Consequentemente, esses buracos acabam expondo novamente florestas, que antes estavam enterradas funcionando como sumidouros de carbono. E quanto mais essas florestas são expostas, mais gases de efeito estufa são liberados para a atmosfera.
Essa cratera dá uma rara oportunidade de observar, ao mesmo tempo, o passado e o futuro. As camadas de sedimento, que foram expostas, mostram como era o clima na região há 200 mil anos. São resquícios de pólen e animais que sugerem que, no passado, essa área foi uma floresta bastante densa.
Essa cratera na Sibéria, que é chamada de Batagaika, é a maior do mundo. Ela tem mais de 800 metros de largura e 85 metros de profundidade. Essas medidas são até o momento.
Mas esse registro geológico também pode ajudar na compreensão de como será a adaptação, no futuro, da região. Além de o crescimento exagerado da cratera ser um indicador imediato do impacto cada vez maior das mudanças climáticas no degelo do premafrost.
Aparecimento
Segundo Julian Murton, essa cratera apareceu na década de 1960. E o desmatamento rápido da região deixou o terreno sem proteção das sombras de árvores no verão. Então, os raios de sol aqueceram o solo e aceleraram o processo de desgelamento, já que a vegetação mantinha o solo resfriado.
Cientistas ainda trabalham na análise dos sedimentos e tentam decifrar a cronologia exata da cratera. “Queremos saber se as mudanças climáticas durante a última Era do Gelo esteve caracterizada por uma grande variabilidade, com períodos intercalados de aquecimento e esfriamento”, concluiu Julian Murton, professor da Universidade de Sussex.
Fonte: Fatos