A aprendizagem se resume a duas coisas: repetição e conexão de novas informações ao conhecimento existente.
O objetivo final da aprendizagem é aplicar o que você aprende quando for importante. A informação se torna de fácil acesso mental quando você possui muitos caminhos fortes para essa informação.
Isso significa que você precisa pensar em algo com frequência suficiente para construir fortes conexões sobre isso em seu cérebro.
Essa tática facilita a recuperação e a memorização.
Pense em algo com frequência suficiente e sua memória pode se tornar automática.
Tudo o que você aprende não é necessariamente perdido, mas às vezes fica mais difícil encontrá-lo se você não se lembra o suficiente ou não constrói caminhos fortes para essa informação.
A codificação adequada do conhecimento em seu cérebro pode muitas vezes exigir o uso da informação repetidamente em poucos dias.
A regra 50/50
“A pessoa que diz que sabe o que pensa, mas não consegue expressar, geralmente não sabe o que pensa.” — Mortimer Adler
A melhor maneira de aprender, processar, reter e lembrar das informações é aprender durante a metade do tempo e compartilhar na outra metade.
Aprenda por 50% do tempo e explique o que você aprendeu durante os outros 50% do tempo.
Por exemplo, em vez de completar um livro, vise ler 50% e tente se lembrar, compartilhar ou escrever as principais ideias que você aprendeu antes de prosseguir com a leitura.
Você pode até fazer o exercícios de ler e compartilhar por capítulos, não necessariamente com o livro inteiro.
O método de aprendizado 50/50 funciona muito bem se você pretende reter a maior parte do que está aprendendo.
Quanto mais se exercita, melhor fica e mais forte se torna.
Há milhares de anos as pessoas sabem que a melhor maneira de entender um conceito é explicá-lo a outra pessoa.
“Enquanto ensinamos, aprendemos.”, disse o filósofo romano Sêneca.
Suas ideias nunca serão mais eficazes do que sua capacidade de fazer com que os outros as compreendam.
Segundo a pesquisa, os aprendizes retêm aproximadamente 90% do que aprendem quando explicam ou ensinam o conceito para outra pessoa, ou quando a usam imediatamente.
Quando você compartilha, você se lembra melhor.
Isso desafia sua compreensão e força você a pensar.
Então, se não por outro motivo, ensine os outros para o seu próprio bem.
Não se preocupe com o status de especialista ainda, ou quão grande (ou pequeno) é o seu público.
Você nem precisa de um público para usar esse método.
Mesmo se você não tiver um público, poderá começar a colocar os seus aprendizados em um blog.
Você pode começar um podcast, criar um vídeo e compartilhar o conhecimento que está aprendendo no YouTube.
Você colherá os benefícios conforme o seu próprio progresso de aprendizado, esteja você ajudando os outros ou não.
Concentre-se no que você está aprendendo agora e em como pode compartilhar essas lições de uma forma que ajude os outros ou a si mesmo.
Esta abordagem tem muito em comum com a técnica de Feynman:
“Aprenda ensinando alguém sobre um tópico em termos simples para que você possa identificar rapidamente os furos em seu conhecimento.”
É o modelo mental cunhado pelo físico ganhador do Prêmio Nobel, Richard Feynman.
Conhecido como o “Grande Explicador”, Feynman era reverenciado por sua capacidade de ilustrar claramente temas densos como física quântica para praticamente qualquer pessoa.
A técnica de Feynman é apresentada claramente na biografia de James Gleick: Feynman – A Natureza do Gênio.
Force-se a se lembrar escrevendo seus próprios resumos
Anotar o que você aprende de vez em quando provou ser uma ótima maneira de consolidar novos conhecimentos em sua mente.
Toda vez que você aprende algo novo, lê um capítulo do seu livro favorito ou ouve algo que muda a vida, reserve um breve segundo para anotar o que você lembra.
Uma abordagem ainda melhor é forçar-se a anotar algo quando você está na metade do conteúdo.
Os psicólogos chamam isso de “efeito de teste”.
Quando você continua tentando lembrar-se de uma informação, você interrompe o processo de esquecimento e ajuda a consolidar a memória dessa informação em seu cérebro.
Em seu livro, O segredo do talento: 52 estratégias para desenvolver suas habilidades, Daniel Coyle explica:
“Pesquisas mostram que as pessoas que seguem a estratégia B [leem dez páginas de uma só vez, fecham o livro e escrevem um resumo de uma página] lembram-se de 50% mais material a longo prazo do que as pessoas que seguem a estratégia A [leia dez páginas quatro vezes seguidas] e tente memorizá-las].
Isso se deve a uma das regras mais fundamentais da prática profunda: aprendizado é aprofundamento.
Passivamente lendo um livro — um processo relativamente fácil, deixando as palavras passarem por você como um banho quente — não o coloca no ponto ideal.
Menos aprofundamento equivale a menos aprendizado.
Por outro lado, fechar o livro e escrever um resumo obriga você a descobrir os pontos-chave (um conjunto de aprofundamento), processar e organizar essas ideias para que façam sentido (mais aprofundamento) e escrevê-las na página (ainda mais aprofundamento, juntamente com a repetição).
A equação é sempre a mesma: mais aprofundamento equivale a mais aprendizado.
E para melhores resultados quando você optar por escrever seus próprios resumos, use a boa e velha caneta e caderno.
Pesquisadores dizem que o uso de papel e caneta cria uma ligação cognitiva mais forte com o material do que simplesmente digitar, porque a digitação acontece rapidamente demais para que a retenção ocorra.
Em um estudo, pesquisadores pediram a universitários que fizessem anotações enquanto assistiam às palestras do TED. Eles descobriram que os alunos que usaram o computador para anotar tiveram um desempenho pior em questões conceituais, apesar de terem sido capazes de escrever mais palavras do que aqueles que tomaram notas à mão.
Então, se você está tentando lembrar o que você lê ou se seu objetivo é compreender e lembrar o que você está aprendendo, será melhor usar um caderno e uma caneta.
E você sempre pode voltar ao conteúdo de origem para ler mais ou refrescar sua mente se esquecer.
Considerações finais
Se você quiser manter até mesmo os conceitos mais simples, vale a pena explicá-lo ao público, compartilhá-lo com outra pessoa, anotá-lo ou iniciar uma discussão sobre ele.
O teste final do seu conhecimento é a sua capacidade de transferi-lo para outro.
Você pode aplicar a regra 50/50 em todos os campos de aprendizado.
Esta não é apenas uma receita maravilhosa para aprender, mas também é uma maneira diferente de pensar que pode ajudá-lo a entender melhor as ideias.
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Este texto foi publicado originalmente no Medium, por Thomas Oppong. Adaptação feita por Awebic. Saiba mais sobre o trabalho de Oppong aqui.