A saga Skywalker e o Amor Incondicional

Vivemos em uma Era em que as aparências e o status são perseguidos a todo custo. Pessoas tornam-se capazes de trocar um amigo de anos por alguém que acabaram de conhecer, caso este lhes traga confortos materiais e popularidade.
Assinam o pactum pactorum.
Mas, diz um ditado muito antigo: “Nem tudo que reluz é ouro”.
A grande joia da Alquimia era a Pedra Filosofal. Já escrevi sobre isso, aqui, nesta coluna.
Esta pedra maravilhosa tinha por objetivo transformar os metais impuros (no caso o chumbo) em ouro.
Analisando alegoricamente, o “homem chumbo” pode ser um cara bem sucedido materialmente. Ter um casa confortável. Não se preocupar com contas. Poder ir jantar em lugares caros. Mas é vazio por dentro.
Certas coisas o dinheiro não pode comprar: inteligência, vigor, sentimentos. Dá-se a isso o eufemismo que for.  Tudo o que for da matéria tem prazo de validade. Tem seu auge, envelhece, apodrece. Morre.
O homem ouro tem seu próprio valor na essência dele em si, não no que ele possui fora.
O objetivo da alquimia mística é transformar o Ser Chumbo em um Ser Ouro.
Mas o que realmente tem valor?
A verdadeira pedra filosofal é o amor puro e espiritual. Aquele que sentimos quando seguramos o nosso filho no colo pela primeira vez é um exemplo claro disso. O sentimento verdadeiro pode sim transmutar tudo e todos. Pois assim como o ódio, o amor pode ser contagioso.
Às vezes é muito difícil não sentir raiva, ódio das pessoas que nos magoam. Que nos machucam. Que nos usam. E às vezes nos vemos torcendo que um enorme dedo metafísico as infrinja a mesma dor que causaram a nós. Mas que diferença isso faria? Nenhuma!
Uma analogia que sempre gosto de usar é a saga Star Wars. Mais precisamente a jornada que transforma Anakin Skywalker em Darth Vader, o vilão mais famoso da ficção científica. Uma criança é localizada em um pequeno planeta em uma Galáxia muito distante. Tem  a oportunidade de ser treinado pelos Cavaleiros Jedi. Conhece uma moça. Se apaixona. Vive o amor. Mas ele desenvolve um apego deveras grande a tudo. Perder sua mãe foi um choque, que despertou ira a ponto dele executar com um sabre de luz os algozes de sua genitora, o povo da areia.
Depois, teve pesadelos sobre a morte de sua amada durante o parto o fizeram ansiar por mais poder, para que pudesse impedir que isso acontecesse. Foi quando ele achou ter visto vantagem na proposta sedutora de Darth Sidious (Palpatine). E ele então deixa de ser o jovem Skywalker, um aprendiz Jedi e se torna o temido Darth Vader.
O mestre Yoda, aquele carinha verde simpático e sábio disse a Anakin: “O Medo é o caminho para o Lado Sombrio. Medo leva à raiva. Raiva leva ao Ódio. Ódio leva ao sofrimento”
Na sua ânsia pelo poder, Anakin perdeu tudo o que de fato temia perder. Seus amigos, sua mulher, seus filhos. Se viu sozinho com o poder que tanto queria. Tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha mais nada.
E Darth Vader só conseguiu se redimir muito tempo depois, quando seu filho, Luke Skywalker, o trouxe de volta para a Luz, através do amor, da redenção, do perdão. Despertando nele, novamente, o que ele tinha de melhor, puro e glorioso. Por isso o sexto episódio da saga se chama “O Retorno de Jedi”. Anakin voltou.
As histórias de pacto por poder nunca terminam bem. Darth Vader. O motoqueiro fantasma. Fausto, de Goetche. Todos buscam fora um tesouro que já tinham em si. E acabam perdendo tudo por isso. Quando vendemos nossa alma, sempre recebemos mais do que valemos e sempre haverá alguém que a busque.
Meu saudoso pai, que teria feito aniversário no último sábado, 18 de maio, sempre dizia duas frases que acho deveras oportunas e que busco internalizar e por em prática, embora seja deveras difícil:
1 – “O amor e o perdão são, respectivamente, a espada e o escudo do verdadeiro cavaleiro”
2 – “Não importa o que os outros sentem ou pensam em relação a nós e sim o que nós pensamos e sentimos em relação aos outros. O que eles alimentam é deles. O que nós alimentamos, é nosso”.
Um cavaleiro de fato tem como missão tornar feliz a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à crença de cada um. Levantando templos à virtude e cavando masmorras aos vícios.
Na vida, na busca pela felicidade, devemos tomar cuidado para não nos tornarmos tiranos e nem escravos.
Não existe meio de se tornar feliz a humanidade se não adotamos a prática do amor, esse grande desconhecido. Esse sentimento não deve existir só na na teoria e nem deve servir como pretexto para  propagação do preconceito e da intolerância. Estaremos então sendo agentes da desigualdade. Iludidos, seremos apenas mais um Darth Vader.
Não podemos deixar de dizer às pessoas o quanto elas são importantes em nossas vidas. Abrace. Viva. Não venda isso. O tempo não se compra. O amor também não. Ele se cativa. Valorize quem te valoriza. Quem te compra, não valoriza. Pois quem ama, sabe que certas coisas não tem preço.
Encerro esse texto com a lenda de Darth Pleigueis, o Sábio, uma antiga lenda Sith, que serviu para sedução de Skywalker para o Lado Negro da Força.

“Darth Plagueis era um Lord sith tão poderoso e sábio que podia convencer os Midi-Chlorians  a criar nova vida, e até mesmo salvar outros da morte. Ele se tornou tão poderoso, que a única coisa que temia era perder o seu poder. O que de fato aconteceu. Seu aprendiz o matou enquanto ele dormia.O que fez disso uma tragédia foi que Darth Plegueis podia controlar a vida, mas não pode salvar a si mesmo da morte, apesar de ser capaz de salvar outros”.

 

E a “morte”, muitas vezes, não é o óbito em si. A morte é perder a capacidade de amar.

Sigamos em nossa luta pelo que de fato é Justo e Perfeito!
 
 

Diego Franzen

Jornalista e Escritor, nascido na cidade de Cruz Alta RS e residindo em Bento Gonçalves RS. É autor dos livros "Tempora Hostem", um romance policial e esotérico ambientado na Serra Gaúcha e de "Lendas Urbanas de Cruz Alta", uma coletânea de fatos pitorescos ocorridos em sua cidade natal. Atualmente trabalha no romance "A Pedra Oculta", que é ambientado no Rio Grande do Sul no período da Revolução Federalista.

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