As relações humanas são a maior fonte de alegria na vida do ser humano, mas se mal construídas podem ser a maior fonte de stresse e de angústia. Devemos edificar relações inteligentes com os outros mas também connosco. Temos de superar a solidão social, dialogar, entregar-nos, reciclar-nos, mas também precisamos de superar a solidão intra-psíquica, aprender a ser o autor da nossa própria história, interiorizar-nos, domesticar os nossos fantasmas psíquicos, gerir a nossa ansiedade. A pior dor de cabeça de um ser humano é relacionar-se mal consigo, sofrer por antecipação, cobrar-se excessivamente, não saber perdoar-se, trair a sua cama, o seu descanso, os fins de semana, as férias. O leitor trai a sua qualidade de vida?
Quem não se relaciona bem consigo próprio, não se relacionará bem com o seu parceiro ou parceira. Quem cobra demasiado de si, cobrará de forma injusta ao seu cônjuge. Quem não se ri de vez em quando da própria estupidez e incoerência, não será descontraído na relação com a pessoa que ama, será rígido, mentalmente engessado. Quem não tem um romance com a sua saúde emocional, não investirá na felicidade e qualidade de vida da pessoa que escolheu para partilhar a sua história. Quem é um perito em reclamar, não conseguirá contemplar o belo nem fará da relação um espetáculo de prazer.
Se aprendêssemos e praticássemos 20 por cento das ferramentas socioemocionais de ouro, a relação entre casais, pais e filhos, professores e alunos e entre colegas de trabalho jamais seriam as mesmas. Mas, pelo andar da carruagem social, pelos baixos níveis de formação do Eu como gestor da mente humana, as tão famosas palavras «felicidade», «saúde emocional», «tranquilidade» e «mente livre» estarão cada vez mais presentes nas páginas dos dicionários, mas muito pouco nas páginas da nossa história.
(…) O futuro da humanidade não é um céu feito de brigadeiro. Em todo o mundo os jovens conectam-se uns com os outros nas redes sociais, mas não sabem conectar-se consigo próprios. Não protegem a sua emoção, abandonam-se, apesar de viverem em sociedade. Para diminuir as tempestades que se abaterão sobre as sociedades modernas, é fundamental ensinar estas ferramentas de ouro aos jovens do mundo inteiro.
Augusto Cury, in ‘As Regras de Ouro dos Casais Saudáveis’