5 mitos sobre ansiedade que você precisa parar de acreditar agora mesmo

Mitos se propagam constantemente por nossas conversas cotidianas e, alguns ainda são vistos com certa validade, no entanto, não beneficiam em nada quem convive com a ansiedade, este demônio, esta entidade que devora a nossa calma e equilíbrio vital. Ninguém escolhe seu próprio transtorno, sua doença ou o buraco negro do qual é tão difícil emergir se nosso entorno não é favorecedor e se continuamos mantendo ideias errôneas e inclusive prejudiciais.

Nesta atualidade onde não param de surgir movimentos sociais reclamando direitos ou tornando visíveis realidades que até pouco tempo ficavam relegadas a um lugar de silêncio e repressão, surgiu outro que não deve passar despercebido. Sob o título “Eu não escolhi minha doença”, tenta expor a situação que muitas pessoas que atualmente lidam com a depressão, com transtorno bipolar, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, etc. vivem. São pessoas que, de alguma forma, são culpadas e responsabilizadas quando não escolheram o sofrimento que arrastam.

Dar voz a este movimento é importante. Em primeiro lugar porque grande parte da população ainda navega nas águas do desconhecimento absoluto sobre o que são os transtornos ou as doenças mentais. Também não podemos nos esquecer de que ao próprio desconhecimento se adicionam o estigma e o peso do preconceito.

Nada disso ajuda a pessoa que tenta saber o que está acontecendo com ela; e mais, em muitos casos supõe um obstáculo para que procure ajuda por causa do que dirão. Deste modo, a única coisa que se consegue é tornar este estado crônico até que cause um grau de sofrimento máximo, até que se torne totalmente incapacitante. Nada disso é permissível e nem aceitável. Portanto, algo tão simples como conhecer, esclarecer termos e visibilizar este tipo de realidade dá forma a entornos mais favoráveis.

Principais mitos sobre a ansiedade

1. A ansiedade é unicamente um desequilíbrio químico

Ainda hoje, há muitos profissionais da saúde que mantêm a ideia de que a ansiedade responde “exclusivamente” a um simples desequilíbrio químico de nosso cérebro. Cabe dizer que esta é uma meia verdade, ou melhor dizendo, um enfoque incompleto que não podemos considerar válido.

O motivo dessa incompletude? Sabemos que oferecer a um paciente um tratamento farmacológico para regular a produção de serotonina confere bem-estar à pessoa. Porém, a medicação, por si só, não consegue uma recuperação completa e nem duradoura. Em muitos casos a sintomatologia só regride enquanto a medicação é mantida.

A ideia de que a ansiedade se resolve só com química nem sempre é correta. Precisamos de mais estratégias que complementem o tratamento.

2. Se meus pais sofreram de transtornos de ansiedade eu também sofrerei

Este é outro dos mitos sobre a ansiedade mais comuns: atribuir a pré-disposição genética a todos os nossos problemas, doenças e transtornos. Pode haver um aumento do risco, uma pequena probabilidade, mas nunca uma determinação absoluta.

3. Se sofro de ansiedade, é porque estou fazendo algo errado em minha vida

O transtorno de ansiedade generalizada é uma das doenças mentais mais comuns.O impacto que tem na vida da pessoa é imenso, caótico e desgastante. Assim, e caso alguém do entorno desse paciente comente que esta realidade que sofre é sua responsabilidade por “fazer as coisas errado”, aumentará ainda mais o abatimento e reduzirá a vontade de encontrar soluções.

Em primeiro lugar, lembremos que a ansiedade, por si mesma, é parte da natureza humana. Porém, às vezes certos eventos ambientais, o entorno, nosso passado, nossa pré-disposição e a forma como enfrentamos e processamos nossa realidade determinarão o maior ou menor risco de desenvolver este tipo de transtorno.

4. Sou uma pessoa ansiosa, a ansiedade faz parte de mim e não posso mudar isso

Este é, sem dúvidas, outro dos mitos sobre a ansiedade que são mais recorrentes. Há quem pense que a ansiedade faz parte de sua própria personalidade e, por isso, não há nada a fazer, não haverá terapia e nem tratamento que possa remediá-la. Pensa que é assim e ponto. Identifica a ansiedade como parte de seu ser, como uma emoção inerente a sua personalidade.

Mudemos o enfoque e assumamos uma visão mais realista, lógica e otimista da ansiedade e de qualquer outro tipo de transtorno. Todos podemos integrar novos estilos de pensamento, gerenciar melhor nossas emoções, mudar condutas, hábitos e inclusive reprogramar nosso cérebro para dar-lhe calma, para melhorar seu foco…

5. O relaxamento profundo, por si só, pode resolver meu transtorno de ansiedade

Os transtornos de ansiedade não são resolvidos como quem tem a solução para um enigma: eles devem ser tratados. A palavra “tratamento” tem vários significados que é preciso ter em conta:

  • É um trabalho ativo por parte do psicólogo e, principalmente, do paciente.
  • O tratamento implica que a pessoa aprenda uma série de estratégias que aplicará sempre, não só até que perceba melhorias. Devemos assentar esse estado de recuperação para que perdure.
  • Por sua vez, é fundamental entender que para tratar a ansiedade não se recorre a um só enfoque. Porque tratamento também significa busca, significa combinação de diferentes estratégias: relaxamento profundo, psicoterapia, modificação de conduta, meditação, esporte, prática de novos hobbies…

Em resumo, o relaxamento profundo ajuda, mas outros recursos precisam ser usados para conseguir uma recuperação total e permanente. Poderíamos dizer que vamos precisar de mais estratégias nessa viagem para encontrar o que nos ajuda de verdade, o que nos permitirá aliviar o desespero, apagar os medos e manejar nossas preocupações de um modo mais válido.

Para concluir, os mitos sobre a ansiedade contribuem para entorpecer o trabalho terapêutico e a normalização de uma doença que pode ser tratada com sucesso. Não nos esqueçamos de que atualmente a ansiedade já é considerada uma epidemia, e que apresenta maior incidência na população mais jovem. Portanto, é preciso implementar medidas de prevenção, facilitar estratégias com as quais entender que a mente não tem motivo para ir mais rápido do que a vida.

 

Fonte: A Mente é Maravilhosa

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