Assim que uma estrela está muito próxima de um buraco negro supermassivo, ela simplesmente sofre com a intensa gravidade do objeto, sendo dilacerada em um violento fenômeno conhecido como “evento de ruptura de maré” (TDE, na sigla em inglês), provocando um clarão repleto de radiação. Recentemente, um estudo foi iniciado com o objetivo de explicar esses eventos extremos e ainda fornecer um modelo unificado para eles.
Conduzido por astrofísicos do Instituto Niels Bohr, da Universidade de Copenhague e UC Santa Cruz, o inovador estudo nos permite ter uma perspectiva teórica acerca de um campo de pesquisa que se mostra cada vez mais promissor. De acordo com Enrico Ramirez-Ruiz, co-autor da pesquisa e presidente de astronomia do instituto: “Somente na última década pudemos distinguir TDEs de outros fenômenos galácticos. O novo modelo nos fornecerá a estrutura básica para entender esses eventos raros“.
Apenas para que você tenha ideia de quão raros são… Estima-se que aconteçam a cada 10 mil anos em uma galáxia típica. Dessa forma, quando uma estrela dá o azar de cair em um buraco negro, seus destroços o “superalimentam”, emitindo intensa radiação. “É interessante ver como os materiais chegam ao buraco negro sob condições tão extremas. Como o buraco negro está comendo o gás estelar, uma grande quantidade de radiação é emitida“, disse Jane Lixin Dai, uma das autoras do estudo.
Ângulo de visão
O novo modelo sugere que tudo depende do ângulo de visão do observador. Por exemplo, pessoas de diferentes posicionamento geográficos em nosso planeta, podem observar diferentes formas de um evento de ruptura de maré. Segundo Ramirez-Ruiz: “É como se houvesse um véu que cobre parte de uma fera. De alguns ângulos vemos uma besta exposta, mas de outros, vemos uma besta coberta. Porém, a besta é a mesma, apenas nossas percepções são diferente“.
O modelo desenvolvido é uma combinação entre a relatividade geral, campos magnéticos, hidrodinâmica do gás e radiação. Mostra exatamente o que os astrônomos esperam ao vislumbrar uma estrela sendo engolida, de diferentes ângulos. Na figura abaixo, é possível ver uma seção transversal daquilo que acontece quando uma estrela é rompida e aniquilada por um buraco negro. Tal modelo considera os diferentes ângulos de visão que podem ser adquiridos aqui da Terra.
Os pesquisadores esperam que dentro dos próximos anos seja possível colher muitos outros dados sobre TDEs, ajudando a expandir o campo de pesquisa. “Vamos observar centenas ou milhares de eventos de ruptura das marés em alguns anos. Isso nos dará muitos ‘laboratórios’ para testar nosso modelo e usá-lo para entender sobre buracos negros“, disse Lixin Dai.
Fonte: Fatos