Você é do tipo que aprecia as belezas da vida? Que leva a sério o conceito nietzschiano de amor-fati, a saber, amor à vida como ela é, amor aos infortúnios e as alegrias… Normalmente quem vê a existência por essa ótica quer ter a chance de viver um pouco mais, entende que para que poupemos alguns sofrimentos no futuro, precisamos fazer coisas a respeito diariamente. A boa notícia é que a ciência está ao nosso lado nessa jornada, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Harvard (EUA), a receita para obter anos adicionais de existência é simples – conta somente com 5 ingredientes – e depende única e exclusivamente de você.
A pesquisa, publicada no periódico Circulation, foi desenvolvida a partir da análise de 123 mil voluntários, que responderam a questionários, realizaram exames médicos e tiveram avaliados seus hábitos rotineiros, tais como a manutenção de uma alimentação saudável, o controle de peso, a prática de exercícios físicos e consumo reduzido de álcool e tabaco.
Posteriormente, esses dados foram cruzados e os cientistas mediram a média de expectativa de vida de cada um dos participantes – e foi aí, então, que perceberam os efeitos dos hábitos saudáveis.
Por exemplo, quando analisados em conjunto os participantes que não adotavam nenhum dos comportamentos e os voluntários que eram adeptos de uma alimentação saudável, controlavam o peso, praticavam exercícios, ingeriam pouco álcool e não fumavam, a diferença da expectativa de vida foi significativa.
Aos 50 anos de idade, os homens saudáveis iam de 26 para 38 anos extras e as mulheres saltavam de 29 para 43 anos adicionais. Em outras palavras, os voluntários que cuidavam bem do corpo e da saúde ganhavam 12 anos (homens) e 14 anos (mulheres) a mais de vida, comparados aos colegas que não adotavam o mesmo estilo.
“Quando nós embarcamos nesse estudo, eu pensei que era claro que as pessoas com esses hábitos [saudáveis] viveriam mais. Mas foi surpreendente o quão grande era essa diferença”, afirmou Meir Stampfer, professora de epidemiologia e nutrição da Universidade de Harvard e coautora do estudo, ao jornal inglês The Guardian.
Os cinco hábitos
De acordo com os autores do estudo, os cinco hábitos saudáveis são:
1) Não fumar;
2) Ter um índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 25;
3) Realizar, pelo menos, 30 minutos de atividade física por dia;
4) Consumir menos de 150 ml de uma taça de vinho, no caso das mulheres, e menos de duas para os homens;
5) Ter uma dieta alimentar rica em frutas, vegetais e grãos integrais e pobre em carne vermelha, gorduras saturadas e açúcares.
Ainda segundo a pesquisa, os voluntários que eram adeptos de tais comportamentos tinham um risco reduzido em até 82% de morrer por conta de um infarto cardíaco; e 65%, de câncer, caso comparados com indivíduos que não praticavam os hábitos saudáveis.
A princípio, a pesquisa foi elaborada com o propósito de entender a expectativa de vida da população norte-americana. Em geral, apenas 8% dessa população adota os cinco hábitos saudáveis.
Ainda assim, os resultados obtidos são significativos para o mundo ocidental, em que a adoção dessas práticas ainda sofre resistência.
“Eu acredito que as pessoas precisam se mexer e fazer disso uma responsabilidade pessoal, porém, como sociedade, nós também precisamos facilitar para que as pessoas o façam”, afirmou Stampfer. “Podemos ficar presos em uma rotina e acreditar que é muito tarde para mudar nossos hábitos, mas provamos que quando essa mudança acontece, os benefícios são extraordinários.“