Em 2015, pesquisadores da Universidade de Michigan pediram a um grupo de pessoas deprimidas e a um grupo de pessoas não deprimidas para olharem fotos e perfis de centenas de outras pessoas em um site de namoro. Os participantes, então, deveriam mostrar quem despertava seu interesse, e enquanto seus cérebros estavam sendo escaneados, eles foram informados sobre quais pessoas analisadas também gostavam deles e quais não se interessavam.
Os cientistas observaram que ao saber de sua rejeição, os cérebros daqueles que sofreram de depressão liberaram menos componentes químicos produzidos para aliviar a dor e o estresse. Por isso, em vez dessa pessoa se sentir indiferente ao desprezo, ela sente o impacto da rejeição de uma forma muito mais dolorosa.
De acordo com o pensamento científico atual, a chave para essa discrepância está em uma área do cérebro conhecida como córtex cingulado anterior (CCA), que parece se tornar mais ativo durante os cenários de rejeição.
“A atividade no CCA está associada à dor física”, explica o Dr. Adam Perkins, professor de neurobiologia da personalidade no King’s College London. “Parece que a rejeição social está ativando sistemas cerebrais que originalmente evoluíram por razões físicas”.
Então, o que faz com que alguém lide melhor ou pior com a rejeição? “Eu sugeriria que algumas pessoas possuem uma habilidade mais ‘forte’ para bloquear a atividade do CCA em resposta à rejeição social”, explica o Dr. Perkins.
As palavras do Dr. Perkin se encaixam na nossa sociedade porque estamos cada vez mais sujeitos a rejeição na vida moderna. Por exemplo, as mídias sociais nos fazem compartilhar muito mais sobre nossas vidas, e nós nos comparamos com os outros o tempo todo.
Mas talvez os lugares mais temido por aqueles que morrem de medo da rejeição nos tempos modernos sejam os sites de relacionamento e os aplicativos de encontros, onde um deslize de um potencial interesse romântico é imediato e inequívoco.Você não descobrirá por que você foi consignado na pilha do “não”, mas ficará dolorosamente claro que você foi rejeitado e, na maioria das vezes, você nem teve a chance de conversar com a outra pessoa. Afinal, para usuários de plataformas como o Tinder, por exemplo, ter uma tela entre você e sua rejeição oferece pouco conforto.
Todos reagimos mal. Ficamos indignados: “Como ela pode dizer não pra mim? Quem ela pensa que é? Como ela pode me julgar apenas pela aparência?”.
Infelizmente, o pânico da rejeição não está presente apenas nos relacionamentos amorosos – se esse fosse o caso, seria mais simples explicar e resolver o problema. As pessoas têm medo do “não” em entrevistas de emprego, em diálogos com o chefe e até nas conversas entre amigos.
É claro que ninguém sente prazer em ser rejeitado, mas existem maneiras de lidar com essa situação de uma forma mais madura e saudável. Quer aprender como? Veja estes 4 passos:
NÃO LEVE PARA O LADO PESSOAL
A única razão pela qual sofremos a dor de rejeição é porque nos sentimos emocionalmente ligados a uma pessoa. Se nós não tivéssemos nenhuma emoção em relação a eles, a rejeição não significaria nada para a gente. O rejeição se torna um fardo que carregamos inteiramente em nossos ombros – não culpamos ninguém além de nós mesmos. Nós realmente acreditamos que deve haver algo intrinsecamente errado dentro da gente para fazer com que uma pessoa nos tire da sua vida – amorosa ou profissionalmente. No entanto, muitas vezes isso não tem nada a ver conosco. Uma pessoa pode estar muito ocupada, sobrecarregada ou enrolada para querer se envolver com a gente, por exemplo. Lembre-se de que você nunca sabe o que se passa na mente de alguém para tirar conclusões.
Por outro lado, quando a rejeição é cruel e a pessoa diz coisas horríveis sobre você, saiba que ela está apenas tentando reforçar a sua própria autoestima ao te diminuir. Então, será que vale mesmo a pena se abalar por isso?
PENSE QUE A REJEIÇÃO PODE TER ROLADO POR UMA QUESTÃO MAIOR
Quando nos sentimos rejeitados, nos sentimos presos em um momento de dúvidas e angústias. Mas devemos aprender a reconhecer que existe um propósito maior de não obter o que (ou quem) queremos – e isso não tem coisa alguma a ver com destino, Deus ou algo assim. Esse propósito geralmente é revelado com o tempo. Por exemplo: eu ouvi diversos “nãos” em entrevistas de emprego para depois descobrir que, se eu tivesse conseguido a vaga em determinada empresa, jamais estaria trabalhando no emprego que eu trabalho hoje e que eu amo.
ESSA DOR NÃO É NOVIDADE
Para algumas crianças que, por exemplo, foram abandonadas pelo pai, a rejeição se torna um desafio recorrente para lidar ao longo da vida. Eles podem reagir exageradamente quando sentem que estão “sendo passadas para trás” e não sabem que isso é causado por uma memória subconsciente. Compreender a fonte primária da rejeição e o impacto que isso teve em você pode ajudá-lo a lidar com essa emoção desagradável de uma forma mais pacífica. Aceite que esta não é a primeira ou a última vez que você sentirá a dor da rejeição, mas que você derrotou essa emoção antes e conseguirá derrotá-la novamente.
É UMA ÓTIMA CHANCE PARA EVOLUIR
A rejeição nos oferece uma oportunidade para evoluirmos e aprendermos com nossas experiências. Ela nos permite olhar para dentro e dizer: “ok, talvez eu possa mudar isso”, ou “talvez eu possa consertar essa faceta de mim mesmo”. Afinal, há espaço para melhorias em cada um de nós e às vezes é preciso uma angústia emocional para quebrarmos o ego e enfrentarmos cara a cara o nosso “eu” mais verdadeiro. Se houver uma maneira construtiva de ver a rejeição, é através da lente de um esforço sincero para o auto-aperfeiçoamento.
A rejeição, como uma emoção que diminui o ego, é dolorosa. Mas ver a rejeição como uma oportunidade de aprendizado pode mudar a sua vida. Reconheça os elementos escondidos dentro dessa emoção como catalisadores de mudanças produtivas e você vai perceber o impacto que isso terá na sua vida.
Fonte: Manual do Homem Moderno