Acusaram-me de não conhecer o amor. Apontaram uma pedra de gelo como a representação do meu coração… Que tolos, pareciam confundir amor, com incapacidade de suportar a solidão.
Veja, eles preenchem os espaços, fazem substituições.
Que amor é esse?
Você troca de amor, como quem muda a estante da sua casa, colocando todos os velhos livros e histórias na novidade, destroçando madeira por madeira a anterior, até que não reste mais nada.
Antes que você conte até dez, o barco afundou, a parede mudou de cor e tudo se transformou.
Nesse sentido, talvez Bukowski explique melhor o que fracassei ao tentar brincar com metáforas e divagar;
“As relações humanas são estranhas. Quer dizer, você passa um tempo com uma pessoa, comendo, dormindo, vivendo e amando, conversando com ela, indo aos lugares – e um dia tudo acaba. Dai você passa um tempo sem ninguém, até que aparece outra mulher, e ai você come com ela, trepa com ela, e tudo parece tao normal, como se você estivesse o tempo todo esperando exatamente por ela, e ela por você.”
Era estranho e rápido e, talvez, julgando isso ser amor, realmente não o conhecia, nem pretendia fazê-lo. Simplesmente porque não suportava a liquidez com que as pessoas estavam passando a conduzir suas vidas. Tornavam a vida efêmera, insuportável e vazia. A era da substituição, da ausência, da necessidade.
A constante busca por novas relações passa dar a impressão de que tememos acordar sozinhos, portanto, não amamos, tememos.
E se o amor é temor, desconheço-o.