Todo mundo já conhece alguns sinais visuais de que uma outra pessoa está se sentindo atraída por nós. O olhar, movimentação das mãos e até a direção dos pés denunciam o que a pessoa está pensando ou até mesmo o que nem ela se deu conta que está sentindo. Mas tem um outro sinal de que está rolando uma química: o tom de voz.
A diferença biológica entre a voz de homens e mulheres é muito clara. Mulheres têm um tom mais agudo e homens têm um tom mais grave. Essas diferenças foram acontecendo através dos milênios para ajudar na reprodução da espécie. Ao deixar a voz mais grave, homens podem mostrar sua dominância física para seus competidores e parecer um candidato à parceiro sexual mais interessante para as mulheres.
Como resultado, mulheres tentem a achar vozes mais graves mais atraentes. É o oposto para homens, que sentem mais atração por vozes mais agudas, que são percebidas como mais femininas.
Em pesquisas, essas preferências são observadas ao pedir que os voluntários classifiquem vozes de pessoas que nunca viram como atraentes ou não-atraentes.
Usando este método, um estudo da Universidade Estadual de Nova York realizado em 2004 mostrou que pessoas que relatam maior experiência e atividade sexual tendem a ser classificadas como donas de vozes mais atraentes por desconhecidos. Isso quer dizer que o comportamento sexual da pessoa era percebido pelo tom de voz por estranhos.
Além disso, outros estudos da mesma universidade observaram que as pessoas conseguem mudar o tom de voz dependendo de situações internas ou externas a ela. As mulheres mudam o tom da voz dependendo das diferentes fases do ciclo menstrual, apresentando uma voz mais atraente no período fértil, enquanto os homens ficam com uma voz mais grave quando são confrontados por competidores em potencial em cenários de namoro.
Mudamos nossa voz se passamos muito tempo com alguém
Outro fenômeno que também pode causar diferenças na forma que falamos é chamada de “convergência fonética”. Pessoas que passam muito tempo conversando com alguém tendem a falar de forma semelhante sem nem perceber.
Essas diferenças incluem velocidade, tom de voz ou padrões de entonação, e até a forma como produzimos palavras específicas ou sons. Essa adaptação ocorre através dos meses ou anos, mas também já foi observada em estudos de poucas horas realizados em laboratório.
Um estudo da Universidade Estadual Montclair em conjunto com a Weill Cornell Medical College e Columbia College (EUA)
comparou cinco pares de companheiros de dormitório que haviam acabado de se conhecer no início do ano letivo. No início e fim do primeiro semestre, os pesquisadores gravaram a fala de cada pessoa e pediram para elas dizerem o que pensavam sobre os companheiros.
A conclusão foi que aqueles que classificaram os outros alunos como legais acabaram sofrendo convergência fonética, e passaram a falar de forma semelhante.
Isso também pode acontecer com aquela pessoa que você gosta. Em um esforço inconsciente para ser mais parecido com ele ou com ela, você pode mudar a sua forma de falar.
O oposto também pode acontecer. Ao interagir com alguém que não gostamos, tendemos a falar de forma diferente dessa pessoa para nos distanciarmos dela. Isso se chama divergência fonética.
Outro estudo interessante envolveu mapas e uma dupla de pessoas tentando entender uma rota. Uma das pessoas tinha um mapa com um percurso desenhado, enquanto a outra não tinha essa marcação. A primeira tinha que passar instruções para que a segunda desenhasse o mesmo percurso, mas não poderia apontar ou usar gestos. Na tentativa desesperada de fazer a comunicação verbal ser eficaz, as pessoas passavam a ter convergência na fala, utilizando termos e palavras e até ritmo do parceiro para se fazer entender. Tudo isso acontece de forma automática e inconsciente.
Fonte: Hypescience e MedicalXpress