“O homem está condenado a ser livre”, sentenciou Jean-Paul Sartre no ensaio O existencialismo é um humanismo. Em outras palavras, o homem é prisioneiro do seu próprio futuro, pois é lançado ao mundo condenado à liberdade. Irremediavelmente decidirá os seus passos, escolherá seu caminho.
Talvez, um leitor precipitado e relutante poderia supor uma situação em que um indivíduo, devido ao cansaço existencial, simplesmente abandonou sua capacidade de escolha, desistiu de sua autonomia, agradou-se pelo nada. Entretanto, poderíamos rebater perguntando; a decisão por não escolher, não foi uma escolha?! As pessoas estão escolhendo, mesmo quando acreditam que não.
Entretanto, estariam os ombros humanos preparados para carregar o fardo da liberdade? Por que, então, o homem haveria de cair tão frequentemente em uma fria submissão? Por qual motivo a humanidade parece estar tão acorrentada, sendo ela tão livre? Qual será a razão pela qual as pessoas não escolhem todas as coisas que possam trazer a tão almejada e utópica felicidade?
Quando pensamos em liberdade, pressupomos beleza, horizontes incríveis diante de nossos olhos, infinitas possibilidades, inúmeros estilos de vida a serem vividos, mas simultaneamente, parece haver um problema. Conseguimos visualizar que há algo errado, um desconforto psíquico. Olhando pela janela, caminhando nas ruas ou bebendo um café em um lugar qualquer, basta assistir a sociedade por alguns instantes: Os consultórios psicológicos estão cheios, as pessoas correm desesperadas pelas cidades… É ansiedade e depressão, eles falam.
É desamparo, dirá o filósofo Sartre. Estamos desamparados, sozinhos com nossas escolhas, responsáveis pelas consequências. Eternamente sem desculpas. Não há um Deus para culpar, por mais recorrentes que possam ser as tentativas. Os culpados somos nós, estamos jogados na existência, assustados e angustiados diante de tamanha responsabilidade, sem a certeza de acertar, pois não existem sinais a serem encontrados no mundo, sinais estes nos quais nos basearíamos para poder escolher. Tudo isso, porque em suma, o homem tende a não reconhecer-se como como projeto, ou seja, definir aquilo que ele quer ser, ele teme. Assumir a responsabilidade diante de si mesmo e de toda humanidade, parece algo doloroso demais para se admitir.