Sabemos que permitir que alguém se torne nosso “porto seguro” é sempre um problema, no entanto, frequentemente nos iludimos que decepções de determinadas pessoas nunca virão, então, baixamos a guarda.
Há quem diga que o desapego é o nosso melhor sossego, estar permanentemente de malas prontas para pegar a estrada e adeus, mas o que acontece quando descobrimos que acabamos deixando algumas malas em lugares errados?
Malas estas, agora abandonadas à deriva.
É a estranha sensação de abandono, quando somos abandonados por aqueles que não esperamos. Não saberia dizer com certeza o que acontece para depositarmos tanta confiança em alguém, talvez, o histórico de dedicação e amor. Não saberia dizer também o que fazer com a decepção infundada que sentimos quando finalmente percebemos que as coisas acabam. Tudo acaba, tudo passa.
E essa era a sorte e o azar da vida.
“Se você está passando pelo inferno, continue caminhando”, disse alguém que não recordo o nome. Daria para complementar dizendo; Se você está passando pelo paraíso, observe e aproveite, pois querendo ou não você vai continuar caminhando.
Chamava de decepção o amargo sentimento que nos deparamos ao perceber que nem tudo que parece é. Decepção consigo mesmo por permitir tamanha vulnerabilidade, decepção com outro por uma análise tão errônea.
São as coisas contingentes da vida.
São as surpresas que nos chocam, nos batem até que se estabeleçam em seus devidos lugares.
Havia finalmente percebido o que acontecerá, agora, precisaria lidar com esse mar de informações que tentavam frequentemente tornar a sobrevivência um ato heroico.
Sendo uma grande condenação, nada poderia tocar, nada poderia mover sem levar dor e sofrimento, então, paralisava e assistia… Agora em silêncio.