Abraço com laço que aperta. Braços abertos que fecham na pontinha da costela. Eu e ela. Eu e ele. Ele e ele. Nós. Vós. Eles. Abraço é compasso que se faz parado, mas junto. Abraço para o desembaraço. Abraço devasso. Abraço abraçado.
Que gostoso que é um abraço de pé, coluna ereta, cabeça reta, coração a mil. Escuta o meu que faz tum tum no teu. Já não sei mais qual é de quem. Abraço que vai além. Abraço demorado, esperado. Abraço só? Só se for acompanhado.
Abraço quem está do lado como quem abraça uma mãe. Olhos fechados, sorriso guardado, descompasso resolvido. O meu abraço? Perpasso, repasso e laço. E se está doendo, abraça que passa. Enlaça o outro no seu amor. Faça-o amparado, resguardado, protegido como se cuida a mais doce flor.
Vamos montar a cidade dos abraços, onde há um laço de braços em cada passo. Paga a condução, o almoço, a feira e a farmácia. Abraço é a moeda que vale, o resto todo já está démodé. Pode crer! Para um abraço apertado não precisa nem pedir. Abre os braços para mim que já grudo em ti.
Abraço sem fim, por favor. Não há pecado em distribuir abraços. Errado é guardar para si aquilo que só é completo com o outro. É o contorno do abraço. Faz comigo uma corrente para que a cidade abraço comporte o país inteiro. Do Acre ao Rio de janeiro. Do Sul ao Pará. Há tantos abraços para dar – que cabe até o mundo. Vamos montar a gang do abraço.
Abraço gaúcho, paulistano, mineiro. Abraço na rua, na padaria, no mosteiro. Abraço na escola para ensinar o pequeno que desde cedo abraço se dá.
Vamos juntos abraçar essa ideia. Agora, nesse momento, abraça o colega. Dá um upa na galera. Ah, abraçar todo mundo, quem me dera. Vamos dar exemplo ao planeta, todos os países levantando a bandeira, abraço para todo lado.
O abraço foi feito da costela do amor. Cuidado, tratado, abençoado, ado, ado, ado. Abracei, abraçou, abraçado. Está feito o convite de coração: cidade dos abraços, prefeitura dos laços. Para morar em qualquer bairro não precisa de certificado, terreno arrendado ou qualquer outro papelzinho.
Para morar na cidade do abraço só há uma condição: tem que abraçar apertado até tocar o coração.