A ideia de transformação é muito reconfortante. É muito bom, quando queremos mudar algo em nós dizermos “bom, a partir de segunda eu não vou mais fazer isso”. Deixar a nossa parte que não gostamos para trás em um estalar de dedos é mágico. Ou inclusive hábitos que queremos aplicar em nossas vidas. Gostaria de ler? Bem, a partir de agora eu sou uma pessoa que lê 2 horas por dia. Correr? Vou correr 5km todas manhãs. Agora eu peço para que você tente se lembrar de quantas vezes fez essas promessas de mudança para você mesmo. Alguma vez realmente funcionou?
Mística da segunda
A promessa da segunda feira traz um conforto de novas oportunidades. A mística segunda nos contagia com novas possibilidades e uma chance de mudança. Dia internacional de tentar começar algo novo ou tentar parar com um comportamento ruim. No domingo parece que tudo é possível e prometemos que vamos começar. Nada pode nos impedir. Quinta feira já largamos tudo de mão.
Vapt Vupt
Nós somos imediatistas e cada geração se torna ainda mais. Afinal de contas, hoje fazemos tudo com muita agilidade e é assim que nos é cobrado. Queremos falar com alguém, pronto, temos o whatsapp. Queremos comida, pronto, ligamos para a tele entrega (ou chamamos por algum aplicativo). Queremos conhecer alguém, pronto, tem o tinder. Nossos hábitos e crenças, entretanto, nem sempre mudam com um clicar de um botão.
Agora somos outra pessoa!
Quando aplicamos a mentalidade de transformação (imediata) é muito fácil nos sabotarmos porque não é assim que funcionamos. Não basta falar com força que reiniciamos o nosso sistema e instalamos uma programação nova. E ainda podemos cair em uma espiral negativa de descrença na nossa própria capacidade. Forçamo-nos a acreditar que somos uma nova pessoa. E essa identidade nova não comete os mesmos erros, é impossível. Mas bem, lamento informar que seus velhos comportamentos e pensamentos ainda estarão lá. E eles vão aparecer. E nós, incrédulos, questionamos a veracidade da nossa mudança. Afinal de contas, nossa nova identidade não comete erros.
Mas espera aí…
Com o questionamento descobrimos que não ainda somos os mesmos. Ficamos transtornados, passamos a acreditar que não somos capazes de mudar, que não vale sequer a pena tentar, e assim voltamos aos nossos velhos hábitos. Com o mesmo comportamento de volta, desenvolvemos problemas de autoestima, pois não fomos capazes de mudar. Essa mentalidade de transformação é perigosa porque ela não permite erros. Entretanto, errar é parte do processo. Você enxerga a incoerência?
Não é NOVO EU, e sim EU 2.0
A ideia é entender que continuamos os mesmos, mas estamos evoluindo. A mentalidade de evolução permite erros. O que interessa é se estamos indo na direção certa. Às vezes podemos sofrer interrupções ou pegar o caminho errado. Está tudo bem, faz parte da jornada. Ao invés de forçar uma mudança repentina e ficar nesse jogo de tentar e voltar à estaca zero, tentar e voltar à estaca zero, aceitamos os percalços do caminho e seguimos subindo.
Gabriel
Vida de Titã
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