Eu tenho dois sobrinhos, Pedro e Guilherme. Eles tem 4 e 2 anos, respectivamente. Eles tem uma capacidade incrível. Aliás, crianças tem uma capacidade incrível. Okay, elas tem várias, na realidade, mas vamos falar de uma em específico agora.
Crianças tentam, mesmo quando não sabem. E não tem vergonha de não saber. Mas essa não é uma dádiva exclusiva dos meus sobrinhos, como mencionei anteriormente. Todos nós nascemos com essa capacidade. Mas somos ensinados a perdê-la.
Nossos erros são condenados. Desde pequenos, nossos erros são tratados como um mero problema a se corrigir, uma falha terrível na nossa educação. São riscados com caneta vermelha e ressaltados ao ponto de definir o futuro de cada criança, ou a falta dele. O processo é: erros são ruins, logo, quem erra é burro. O condicionamento gerado por essa mentalidade impede com que cheguemos longe, pois a questão é que não existe fórmula mágica para o sucesso. Temos de tentar, e, se não tentamos, não aprendemos. Dizendo de outra maneira, quando erramos, aprendemos. Portanto, o que isso causa não são pessoas mais inteligentes e capazes, mas pessoas amedrontadas de tentar.
Vamos comparar duas situações idênticas, separadas por 10 anos. Se você já foi a uma sala de aula infantil, tente se lembrar. Se esse não é seu caso, imagine o seguinte: quando uma professora faz uma pergunta a uma sala cheia de crianças de, digamos, 4 anos, o que acontece? E quando temos a mesma situação em uma sala com pré-adolescentes de 14? Bom, pela minha experiência, em uma delas temos caos, muito barulho e risadas, e na outra, silêncio, medo. Com certeza não ficamos menos capazes ao longo do tempo e tampouco acredito que a dificuldade das perguntas tenham se elevado a ponto de ninguém, ou quase ninguém, conseguir responder. É um simples comportamento resultante do nosso condicionamento.
Para entendermos as consequências dessa postura com que educamos nossas crianças, vou usar um ditado. “O mestre errou mais vezes do que o principiante sequer tentou.” Quando inserimos essa mentalidade temerária em relação a errar, nós sabotamos nosso próprio alcance. Para chegarmos longe, é necessário errar. Quando somos condicionados a não suportar esse processo natural, nós desistimos ou, algumas vezes, sequer levantamos a mão para tentar.
Gabriel
Vida de Titã
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