Ao se preparar para uma entrevista de emprego, é natural que você se preocupe bastante com as respostas que dará ao avaliador. Mas isso não é suficiente: também é preciso pensar nas perguntas que você fará a ele.
Especialistas em recrutamento são unânimes na percepção de que um candidato se diferencia não só pelo que afirma, mas também pelo que questiona ao longo de um processo seletivo.
“Ao mostrar curiosidade pela empresa e pela vaga, você transmite interesse, maturidade e visão a longo prazo ”, diz Patrícia Tourinho, gerente executiva da consultoria Michael Page. “É uma forma de dizer para a empresa que você está realmente interessado em trabalhar lá”.
De acordo com Roberto Santos, sócio-diretor da Ateliê RH, o objetivo de qualquer entrevista de emprego é abrir um canal de diálogo sincero entre as duas partes. Por isso, o candidato pode e deve fazer perguntas — até para medir seu grau de compatibilidade com a vaga.
Isso não dispensa uma boa dose de cautela na hora de formular os seus questionamentos. De acordo com Tourinho, é muito importante prestar atenção ao “quando” e ao “como” e não só ao “o quê”: dependendo do momento ou do seu tom de voz, a sua pergunta pode cair mal.
“O candidato pode soar inquisitivo ou agressivo, dependendo da forma como interpela o recrutador”, explica. “O ideal é avaliar qual é a finalidade de cada questionamento, para saber se ele cabe ou não naquele momento”.
Também é importante fazer uma leitura da personalidade do entrevistador, completa Santos. Enquanto alguns são mais abertos e descontraídos, outros preferem ter o controle da situação. Via de regra, vale esperar que o avaliador tome a iniciativa de perguntar se você tem alguma questão, ou aguardar até o fim da entrevista para tirar as suas dúvidas.
Veja a seguir alguns exemplos de questões obrigatórias e desnecessárias numa entrevista de emprego, de acordo com os especialistas consultados:
1. Quais qualidades você está buscando em um candidato ideal?
Embora provavelmente esses requisitos já apareçam no anúncio da vaga, durante uma conversa é possível descobrir se existem outras habilidades técnicas ou pessoais, como capacidade de liderança, facilidade de atuar em equipe ou mesmo se é uma função que exige um trabalho independente.
2. O que faz você gostar de trabalhar aqui?
Sem dúvidas, essa pergunta destaca seu entusiasmo e sua curiosidade. Questionar isso pode quebrar o gelo e envolver mais o entrevistador, pois assim você demonstra um interesse real no outro.
3. O que você gostaria de ver alcançado no primeiro (mês, seis meses, ano)?
Assim, você mostra que pensa estrategicamente, organizando seus objetivos a fim de alcançar resultados.
4. Poderia descrever a equipe com que eu trabalharia?
Taylor conta que essa pergunta prova que você trabalha bem em equipe, o que é um elemento-chave da inteligência emocional. Além disso, essa é uma estratégia interessante para saber mais sobre seus (futuros) colegas.
5. Qual suporte a empresa dá à equipe para incentivar o crescimento profissional?
Esse tipo de indagação sugere que você tem interesse em aprender, assumir novas responsabilidades com o tempo e permanecer na empresa. Por outro lado, também revela a atitude da companhia em relação a seus funcionários e se existe planos de expansão.
6. Como seria minha rotina típica na função?
Essa pergunta serve bem para esclarecer tarefas e responsabilidades e, inclusive, ajudá-lo a decidir se é algo de fato interessante.
7. Como essa função se encaixa na missão geral da empresa?
Ao perguntar isso, você demonstra ser estratégico e pensar no contexto geral, além de ter potencial de liderança. Caso esse seja seu forte mesmo, vale ainda questionar sobre os planos de crescimento da empresa. No fim das contas, isso tudo só contribui para reforçar seu interesse em fazer o melhor para o sucesso da companhia.
8. Como você definiria “sucesso” nessa posição?
Esse questionamento é inteligente porque mostra que você é focado em desempenho e resultados, o que sugere que, se você por acaso “sair dos trilhos”, fará o possível para se readequar às necessidades do departamento e da empresa como um todo.
Fonte: Revista Exame e Mega Curioso