O dia começou bem. Eu havia conversando um pouco com meus pais durante o café da manhã e demos muitas risadas. Fui para o quarto, tirei o pijama e vesti uma roupa confortável para relaxar durante aquele sábado ensolarado. Ao passar pela porta do meu quarto em direção à sala, sem querer pisei na pata do meu cachorro, e ele, obviamente, deu aquele latido de dor altíssimo. Eu me assustei é claro. Quem não se assustaria? A questão é que em segundos comecei a sentir medo, culpa, insegurança e um desequilíbrio emocional enorme misturado à incapacidade de não poder fazer nada. Coloquei a mão na boca e, tremendo, comecei a chorar como se o mundo estivesse se acabando em um apocalipse zumbi, mas não era isso. Minha TPM apenas estava começando.
Comigo sempre foi assim. Enquanto algumas mulheres se gabam por sentir pouca ou nenhuma alteração durante a TPM, o que acontece comigo é literalmente um CAOS. É como se houvessem duas de mim, uma antes e outra depois da TPM. O que era tranquilo virava extrema nervosia. Onde havia controle surgia um forte desequilíbrio emocional. O pior era saber que dentro do desequilíbrio havia mais desequilíbrio.
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Há momentos em que eu fico apática, outros totalmente depressiva. Vez ou outra eu viro uma pilha de nervos, e ai de quem cutucar a onça com vara curta, média ou grande. Não há qualquer rotina nos sintomas emocionais e isso acaba me deixando insegura e ansiosa pelo que virá mês a mês. Eu apenas sei que não estarei “normal”.
A TPM para mim nunca foi brincadeira. Já perdi emprego, já terminei relacionamentos, já discuti com pessoas que tanto amo. É como se durante esse período eu experimentasse um mix dos mais variados transtornos psicológicos: depressão, ansiedade, bipolaridade…
A extrema sensibilidade transforma a raiva em meu sobrenome. Sinto como se não tivesse mais controle sobre minhas ações ou sobre o que eu falo ou penso. Choro compulsivamente por qualquer coisa. Começo a agir impulsivamente e por vezes fico cega! Já cheguei a quebrar coisas e a agredir pessoas. Mas o pior de tudo é que depois eu volto a ficar calma e tranquila, e o sentimento de culpa vem com tudo em cima de mim.
Já não bastasse toda essa crise emocional, os sintomas físicos intensificam ainda mais esse período que, para mim, é infernal. Tonturas, desânimo, dor nos seios e no corpo em geral, falta de apetite ou fome excessiva, fadiga, constipação, excesso de gazes no intestino, retenção de líquido e inchaço, acne, são apenas algumas das coisas que enfrento.
Eu entendo e compreendo que muitas mulheres consigam passar por esse período com facilidade, mas o que mais chateia e saber que muita gente (homens e mulheres, jovens e adultos) não percebe a injustiça que é chamar TPM de frescura.
Meu chocolate caiu no chão e eu chorei sim! Não por ser fraca ou fresca, mas por ser mulher e ter que enfrentar um fluxo de alteração hormonal intenso. Se você não entende ou sente o que a queda brusca dos níveis de estrógeno e progesterona podem causar, pelo menos respeite e tenha empatia pelas mulheres que sofrem com isso. Com hormônios não se brinca!
Este artigo foi escrito por um homem.
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