Ninguém é forte o tempo todo, precisamos repousar nossas emoções

Em algum momento da sua vida, você já experimentou a frustração. É provável que você tenha razões suficientes para acreditar que este sentimento tenha sido causado por uma pessoa ou quem sabe por uma situação nada agradável vivenciada. Quando alimentamos este tipo de crença, caímos no engano de acreditar que os nossos sentimentos são criados por fontes externas, ou seja, a nossa mente trabalha ardilosamente para nos convencer que são as pessoas ou situações da nossa vida que são as responsáveis pelo modo como nos sentimos.

Nos esquivamos ao máximo para não admitirmos que somos nós mesmos os responsáveis pelos nossos sentimentos. Na realidade, a nossa frustração advém do fato de criarmos expectativas a respeito de como determinadas situações ou pessoas deveriam ser. Nos sentimos frustrados ao perceber que não somos os senhores do mundo e não podemos prever com segurança aquilo que acontecerá.

Quando algo de inesperado nos acontece, muitas vezes nos irritamos, nos frustramos, atacamos o outro ou nos enclausuramos no nosso próprio mundo interior. Agimos desse modo na tentativa de ocultar um sentimento ainda mais profundo – o desamparo. Na infância, a figura dos nossos pais se igualava a uma barreira protetora que nos mantinha seguros diante dos nossos medos mais terríveis. Na vida adulta, gostamos de pensar que alcançamos o controle emocional e, por vezes, passamos por cima dos nossos próprios sentimentos para não demonstrar nenhum vestígio de fraqueza.

Não temos alguém ao lado para nos dizer que está tudo bem ser adulto e ter medo de alguma situação nova. Não nos tornamos menos adultos por reconhecer nossos temores, mas abrimos espaço para a imaturidade emocional quando fugimos das nossas próprias emoções.

As emoções existem para serem trabalhadas, fugir delas ou ocultá-las por meio da raiva apenas prolonga o estado de sofrimento psíquico. Ninguém é forte o tempo todo, há de se ter também tempo para repousarmos as nossas emoções, reavaliando quais são aquelas que devemos ter conosco naquele momento e quais são aquelas que precisamos deixar para trás.


Saulo de Oliva

Médico, especializado em Psiquiatria. Psicólogo.

Comentários

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *