Você provavelmente já deve ter escutado de um amigo ou amiga apaixonado(a) falar do seu companheiro(a) do seguinte modo: “ele(a) é a metade que me faltava” ou “eu não vivo sem ele(a)”. Esta pessoa que considera o outro a sua metade, diz para si mesma, em outras palavras, que se sente incompleta. Para ela, o outro é suficientemente bom e guarda consigo a fórmula mágica da completude necessária para um relacionamento.
Jung defende que no caminhar da nossa vida devemos passar por um processo que chamou de individuação. Individuar-se significa se tornar inteiro. Isso mesmo, todos nós temos um gigante interior que nem sequer imaginávamos! A sua potência é tão grande que nos convida, a cada dia, a desenvolver novas qualidades que contribuam para o fortalecimento do nosso si mesmo.
Aquelas paixões avassaladoras que tiram o fôlego e, em alguns casos, até a paz ocorrem pelo simples fato de haver uma projeção inconsciente. Como assim? O outro que você se apaixona loucamente tem algo na personalidade que você não tem na sua ou se tem é de um modo pouco desenvolvido. Qual o resultado? Caímos de amores por uma versão aprimorada de algo que desejamos em nós mesmos, mas ainda não temos. O outro se torna o seu reflexo e é nele que você vê o que ainda lhe falta.
Está aí o mecanismo básico da paixão e ela dura até esta projeção inconsciente acabar. Ao terminar, o príncipe encantado vira sapo e a princesa uma bruxa horrorosa! Só que até lá os seus efeitos são devastadores porque o apaixonado está convicto que a sua felicidade depende do outro. É criada desse modo uma dependência emocional forte que gera, inevitavelmente, sofrimento, pois onde há falta, há também sofrimento.