O depressivo se torna vítima da sua própria agressividade

Ao longo da nossa vida passamos por muitas experiências. Algumas boas, outras, nem tanto. A vivência de uma experiência desagradável pode bloquear, momentaneamente, a nossa capacidade de seguir em frente. Por vezes, os efeitos da depressão são tão devastadores que pode parecer que não existe mais saída ou uma luz no final do túnel.

“Me sinto como um barco a deriva.”

A depressão surge no momento que não conseguimos dar um passo para frente para nos movermos na caminhada da vida. A vida está em constante movimento e quando permitimos que o fluxo que nos impulsiona congele, estamos agindo contra o ritmo da própria vida.

O depressivo pode se sentir como se estivesse preso a uma areia movediça.

Nos casos mais severos da depressão, as ideias mórbidas e o desejo do suicídio se fazem, muitas vezes, presentes. A agressividade que deveria ser utilizada com o objetivo primordial de enfrentar os desafios e “agarrar” a oportunidade de se ter um bom viver, é “camuflada” por um desejo de agredir a si mesmo.

O depressivo se torna vítima da sua própria agressividade. As suas mazelas se voltam contra ele mesmo, prende-se a culpa por não conseguir controlar os seus impulsos.

Pouco a pouco, afasta-se do convívio com a sua família e amigos. As atividades que, anteriormente, davam-lhe prazer se tornam um tédio insuportável no momento presente. Isola-se no seu mundo particular e todas as percepções que tem da realidade são filtradas a partir de tudo aquilo que, até então, vivenciou.


Saulo de Oliva

Médico, especializado em Psiquiatria. Psicólogo.

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