O bullying, o estresse, a automutilação e o suicídio são realidade em muitas escolas, mas ainda assim, a saúde mental não recebe o mesmo tratamento que a Matemática ou as Ciências na educação.
Pensando nisso, uma escola no sul de Londres resolveu fazer a diferença ao mostrar a importância das emoções aos pequenos.
Um levantamento da Associação de Líderes de Escolas e Faculdades (ASCL, na sigla em inglês) e do National Children’s Bureau, realizado com 338 líderes escolares britânicos, indica que mais da metade deles (55%) observou aumento significativo de estudantes sofrendo de ansiedade e estresse nos últimos cinco anos, enquanto mais de 40% disseram ter notado um grande aumento no cyberbullying.
Além disso, quase oito de cada dez entrevistados (79%) disseram ter visto um aumento de comportamentos de autoagressão ou pensamentos suicidas entre os alunos.
Na escola primária Oliver Goldsmith, os alunos de 8 e 9 anos são encorajados pela professora e psicóloga clínica Anna Redfern a falar abertamente dos dias em que se sentem muito tristes ou furiosos, segundo reportagem da BBC.
Com brincadeiras e livros de exercícios, ela conduz a aula perguntando “Posso ver os pensamentos de vocês? Posso sentir o cheiro ou tocar estes pensamentos?”
“Ninguém consegue ver nossos pensamentos, então precisamos falar sobre eles”, responde uma garotinha.
As aulas fazem parte de um programa educativo-psicológico, desenvolvido por Redfern e pela médica Debbie Plant, que ensina as crianças a reconhecer os momentos ruins e algumas técnicas para lidar com o humor deprimido.
“Todos temos sentimentos. E todos teremos dificuldades na vida que nos desafiarão. Ao invés de temermos falar dessas coisas, queremos que as crianças possam ter uma linguagem para expressar pedidos de ajuda e a maneira como estão se sentindo”, ela diz à BBC.
Em uma das aulas, as crianças aprendem a diferenciar pensamentos que ajudem e pensamentos que atrapalham.
Por estar em contato assíduo com as crianças, a escola tem papel precioso no equilíbrio emocional de seus alunos, e pode perceber sinais de agressividade, desinteresse, ansiedade, rebeldia, introversão, problemas de comportamento em geral, vitimização, dificuldade na fala, de ir ao banheiro, de sono, de aprendizagem ou de alimentação.
A médica Plant enfatiza a importância de se cuidar da saúde mental desde a infância:
“Trabalhamos com a saúde mental dos adolescentes por tanto tempo, e achamos que estava funcionando. Mas os jovens nos disseram ‘por que vocês não nos falaram sobre isso quando tínhamos sete, oito ou nove anos? Teria feito uma grande diferença’.”