“ Freud afirmou serem as adições um problema para sua teoria…”
Embora as primeiras iniciativas formais de tratamento das toxicomanias tenham surgido em 1784, ainda hoje é uma questão complexa. A busca pelo ideal de felicidade revela algo grave, como, por exemplo, um sujeito com traço perverso e dominado pelo objeto que lhe causa prazer, alívio e consequências.
Se a vida nos proporciona sofrimentos, alguns, talvez, impossíveis de lidar, para suportá-la não podemos dispensar medidas paliativas vendidas sob o júbilo da propaganda ou pelos efeitos anestésicos e antecipados pela adrenalina da infração legal.
Freud afirmou serem as adições um problema para sua teoria, entretanto, há uma vasta produção teórica e exemplos clínicos da eficácia da Psicanálise entre os dependentes químicos.
Numa tentativa para caracterizar um perverso é preciso o conhecimento de sua sexualidade, contudo não seriam os vícios traços perversos?
Existem muitos casos ditos perversos, mas que não se inscrevem numa estrutura perversa, podendo ser os toxicômanos psicóticos ou neuróticos. Mesmo se a orientação for estruturalista, há de reconhecer que a toxicomania põe em xeque o estruturalismo ortodoxo.
Cabem então outros questionamentos: há realmente estrutura perversa na contemporaneidade? A toxicomania é traço, um distúrbio ou sintoma?
Para avaliar as questões, uma visão mais apurada do histórico do sujeito permite ao analista e analisando um decisivo passo a caminho da entrada em análise. Já que o uso de medicamentos largamente difundido, principalmente de estimulantes e antidepressivos, ou o abuso de substâncias ilícitas, mascara cada vez mais as questões da subjetividade.