Todo mundo conhece o estereótipo de um psicopata. (Lembre de “Criminal Minds”). Geralmente ele é alguém compelido pela frieza e falta de remorso a cometer atos sádicos, incluindo o assassinato. Mesmo o perfil excelente de psicopatia fornecido por Jon Ronson se concentra quase que exclusivamente em homens que se enquadram na definição clínica do transtorno de personalidade psicopática. Mas a psicopatia é realmente um transtorno gênero-específico, afetando mais homens do mulheres? Psicopatas são realmente incapazes de sentir emoções fortes? De ter empatia e capacidade de se relacionar profundamente com os outros? Recentes pesquisas, oferecem novos detalhes sobre indivíduos com desordem de personalidade psicopática, incluindo o que é se apaixonar por um.
A verdade é que a psicopatia pode facilmente assumir diversas, uma variedade subliminar na qual as pessoas com alta pontuação em testes de personalidade que medem tendências e comportamentos psicopatas são incluídas. Quando examinados como uma dimensão contínua em que as pessoas podem receber classificações variadas, podemos ver como o as tendências psicopatas de uma pessoa se relaciona com as outras facetas da psique e as relações do indivíduo.
Não há razão para se pensar que os psicopatas subliminares teriam dificuldades em seus relacionamentos íntimos. Como observado pela Universidade de Laval (Quebec) em um estudo científico liderado pela psicóloga Claudia Savard em 2015, criminosos em geral, costumam seguir um estilo de “insegurança ao apego” e se evadem das relações porque acham difícil estabelecer relações íntimas com os outros. Sujeitos que se enquadram nos critérios de transtorno de personalidade psicopática – independente de terem cometido crimes ou não – apresentam comportamentos de esquiva ao apego, sendo incapazes de formar relacionamentos íntimos. Desapego emocional e falta de empatia são dois indicadores-chaves do transtorno de personalidade psicopática.
Porém, pessoas com alta pontuação de psicopatia podem formar relacionamentos românticos, podem se casar ou estabelecerem um vínculo de comprometimento. Mas o tal relacionamento, no entanto, não pode ser baseado numa intimidade psicológica, no sentido tradicional do termo. Em vez disso, se assemelham ao estilo “Bonnie e Clyde”. Um casal pode iniciar o relacionamento baseado em uma espécie de ponto de vista compartilhado sobre o mundo, em que ambos tentam obter o máximo dos outros quanto for possível. A falta de empatia e capacidade de expressar emoções profundas pode conduzi-los, se não para um fim violento, à dissolução com base em padrões cada vez mais destrutivos de interação um com o outro.
No entanto, até mesmo esses casais, um tanto mal-fadados, podem desenvolver um resultado mais positivo se o mais saudável dos dois parceiros conseguir influenciar o outro. Ao longo do tempo eles podem formar uma ligação íntima que permitirá que ambos se tornem mais confiantes e capazes de verem as coisas do ponto de vista do outro.
Para descobrir como a psicopatia e o estilo de apego podem evoluir ao longo do tempo, Savard e seus co-autores adotaram uma nova abordagem no acompanhamento de uma amostra de casais casados por um período de um ano. Isto permitiu que a equipe de pesquisadores conseguisse examinar a influência de um parceiro sobre o outro ao longo do tempo. A amostragem foi composta por 140 casais, juntos por uma média de 7 anos, com idades entre 18-35 anos.
Os participantes preencheram os questionários em separado, classificando-se em escalas destinadas a medir as suas tendências psicopatas de ausência de empatia e manipulação (psicopatia “primária”), e seu grau de envolvimento em comportamentos anti-sociais (psicopatia “secundária”). Eles também avaliaram o seu estilo de apego em uma dimensão de ansiedade (medo de abandono) e evitação (incapacidade de chegar perto dos outros).
O fato de que os participantes classificaram-se entre os dois momentos de teste permitiu que a equipe de Savard examinasse o efeito, ao longo do tempo, da influência de um dos parceiros sobre os escores do outro parceiro. Todos os casais eram heterossexuais, e o design do estudo permitiu aos pesquisadores examinar os efeitos do parceiro masculino em sua mulher, e vice-versa. Isso se traduziu na possibilidade de vislumbrar a influência do ator em sua parceira, bem como o inverso: a influência da mulher (agora atriz) sobre o homem (agora o parceiro na análise).
Entre uma série de outras conclusões, a análise dos resultados revelou que, independentemente se você for do sexo masculino ou feminino, se a sua personalidade for problemática (ou seja, se você tiver uma classificação alta de psicopatia) a sua capacidade de se relacionar intimamente com a outra pessoa está permanentemente comprometida se você for o parceiro dominante da relação.
Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews