Eu não iria escrever nada, mas o texto do “velhinho” me inspirou. Penso que a principal característica da amizade assim como a principal característica de qualquer relação com outro ser humano é o respeito. Se no momento em que você mais precisou a pessoa que você supunha ser sua amiga não lhe estendeu a mão, se sabendo o que se passava no seu coração esse infeliz insistiu em ignorar seu sentimento e fez questão de viciar sua vontade, se o animal contribuiu de maneira decisiva para sabotar sua vida e causar danos dolorosos, eu sinto muito, mas é tudo menos um amigo. Você cometeu um erro de julgamento e provavelmente está pagando caro por isso. Como dizia o padre Fábio de Melo: “O que quero saber é o quanto você se ama? Eu quero saber o quanto você se respeita para reconhecer que aquela pessoa não era quem você pensava que ela fosse!”.
Bertrand Russell é brutal: “Se nos fosse dado o poder mágico de ler na mente uns dos outros, o primeiro efeito seria sem dúvida o fim de todas as amizades.” Mas é aquela velha história, diante de uma afirmação dessas uma pessoa honesta irá se perguntar: “Isso é verdade ou mentira?” E se sua resposta for: “Isso é verdade”, ela não terá outra escolha senão lamentar, mas nunca contestar ou tentar defender o indefensável. Não é?
O triste é quando o indivíduo não consegue por alguma deficiência emocional e “visual” distinguir amigos verdadeiros de falsos amigos ou quando confunde amigos com colegas, etc… Excluir os falsos amigos, ou seja, aqueles que não lhe respeitam e que sempre o sacaneam ou insultam veladamente, mas pesadamente é essencial para se ter uma qualidade de vida melhor (falsos amigos e cânceres são a mesma coisa: corroem por dentro e matam nosso melhor aos poucos). É o que diz o velho ditado “Todos são amigos na alegria, alguns são amigos na desgraça, mas pouquíssimos são amigos quando sua felicidade não passa por eles.”. Já experimentou o veneno dessa verdade?
Eu reconheço que é muito difícil ser amigo. É muito difícil ser ético (não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco). Mas também é indispensável para quem deseja fazer a experiência da maturidade moral. Ou seja, aprender a respeitar o outro em sua totalidade humana, respeitar sua individualidade e respeitar sua liberdade sem tentar lhe impor sua vontade, crenças e convicções. Ser realmente ético é mais importante do que ser gentil ou condescendente. Aprender a não ter ciúmes e inveja.
Outra frase dolorosamente irônica é do Lytton “É difícil dizer quem nos faz mais mal: inimigos com as piores intenções ou amigos com as melhores”. Voltaire também nos delicia com essa: “Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu.” E para finalizar com chave de ouro: “As amizades são como casamento: de cada dez, um se faz por amor.” Edmundo de Amicis. Em suma, a amizade deve agregar valor sempre.
O texto abaixo do médico Flávio Gikovate é uma boa balança para medirmos o quilate de nossas amizades. Os verdadeiros amigos deverão sobreviver com louvor a esse texto. Afinal, entre tantos “falsos amigos” achar um, dois ou talvez até três que valam a pena é algo deveras especial. Uma amizade verdadeira é como um amor maduro. Celebremos a essas companhias éticas, confiáveis e desinteressadas. O valioso é raro, puro e perpétuo.
Sugestão de leitura: Como definir a amizade?