6 modinhas “inofensivas” que causaram destruição

Novas modinhas surgem a todo instante. Há sempre algo novo sendo usado, gostamos, compramos e fim de papo. Porém, existem muitas coisas que a gente não sabe ou prefere ignorar por trás de toda essa moda. Pode ser simplesmente algo que vai gerar poluição mais tarde, como tamagochis e cubos mágicos, mas pode ser algo mais sinistro, cujo perigo só é reconhecido um tempo depois. Confira:

1. A alta demanda de pneus de bicicleta levou a um genocídio no Congo

Parece coisa de filme, mas não é. Logo no início da década de 1890, a bicicleta era febre na Europa e, nos cinco anos seguintes, tomou os Estados Unidos. Uma das coisas que explicou tamanho aumento da popularidade foi a invenção do pneumático de borracha, que substituiu as rodas de madeira ou metal. Mas como conseguir milhões de pneumáticos infláveis de borracha?

Fácil, fizeram isso escravizando uma nação africana e obrigando-a a coletar o látex. Quem mandava no Congo, era aquele genocida popularmente conhecido como Rei Leopoldo II da Bélgica, na época, transformou aquele país em fonte de marfim e borracha. A tática do rei era bastante simples: cada aldeia tinha uma cota a preencher; caso não conseguissem, a aldeia era queimada, ou todas as crianças eram mortas, ou as mãos dos trabalhadores eram cortadas. Ou os três ao mesmo tempo.

Nesta época, a escravidão era ilegal na maioria dos países, mas isso não foi um problema para o rei Leopoldo, pois ele conseguiu manter o Congo tão isolado pelo controle de todas as rotas de comércio que o país acabou se tornando uma fábrica ilegal. Para se ter uma noção da dimensão da façanha, durante a era de ouro da bicicleta, o número de bicicletas subiu em 10 milhões, enquanto a população do Congo diminuiu em aproximadamente 10 milhões.

2- O amor que os romanos tinham ao açúcar causou envenenamento por chumbo

Antigamente não era fácil conseguir alimentos com sabores variados, mas os romanos descobriram que ferver um punhado de frutas até evaporar toda a água deixava um caldo doce, que eles chamaram de defrutum, no fundo da panela. Após essa descoberta, eles passaram a usar o tal de defrutum em tudo, da carne ao queijo ao vinho, até mesmo como conservante.

Até aí tudo bem, não parece haver problema com isso, não é?! O problema é que o defrutum era feito em panelas de chumbo, pois os utensílios de cobre ou bronze estragavam seu sabor. Só que alguns testes modernos mostraram que o cozimento também produzia uma substância com mais de 1.000 a dose aceitável de chumbo. Por esse motivo, a maior parte dos romanos começou sofrer de envenenamento crônico por chumbo.

Levando em conta que o envenenamento por chumbo inclui efeitos como perda de peso, anemia, irritabilidade e delírios, o mais estranho é que os romanos pareciam saber dos efeitos do envenenamento por chumbo. Não se importavam?

3. O amor ao jeans pinta a China de azul

Como todo mundo sabe e conhece, a roupa de algodão mais popular do mundo é o Jeans, atrás dela vem toda a sorte de roupas de algodão tingidas de azul, como jaquetas, saias e acessórios.

Hoje, a maior parte dos jeans vendidos por todo o mundo vem da China, principalmente Xintang, que faz cerca de 200 milhões de jeans por ano. O que está envenenando o Zhu Jiang (Rio das Pérolas), que é responsável por abastecer mais de 12 milhões de pessoas em Guangzhou, com uma combinação de alvejantes e tintura índigo.

E o problema não para só no alvejante e na tintura. Além disso, as fábricas de jeans estão despejando metais pesados, como chumbo, mercúrio, cádmio e selênio, no esgoto. O que não é neurotóxico é carcinogênico, se não os dois.

Mas e ninguém faz nada?

Bom, os burocratas chineses continuam insistindo que não há nenhum relato de intoxicação em massa nos centros populacionais que usam o Zhu Jiang como fonte de água, alimento e transporte. Mas a cor azul-denim não parece boa coisa.

4. A mania inglesa do chá começou uma guerra e encheu a China de ópio

Gim barato, chá caro. Você pode imaginar o que aconteceu? Pois é, ao mesmo tempo que estavam transformando suas casas em câmaras de gás, os ingleses também estavam enchendo a cara como nunca.

Um dos motivos era o preço que os maiores exportadores cobravam. Os chineses não aceitavam nada menos do que prata pelo chá. Enquanto a demanda estava baixa, tudo bem. Porém entrou em cena o movimento pela temperança, causando uma demanda imensa pelo chá chinês, aí o jeito foi Gim.

Os brilhantes mercadores ingleses tiveram então a fantástica ideia de trocar o chá por outro produto igualmente caro, o ópio. Claro, o ópio era proibido na China, mas isto não funciona para diminuir a demanda. Em pouco tempo, cerca de 90% da população adulta com menos de 40 anos estava viciada no ópio, causando um impacto devastador na economia chinesa.

Mas em 1839, o imperador chinês resolve dar um basta, mandando examinar os navios ingleses, e tomando milhares de barris de ópio. O chá acabou e a Inglaterra resolve que não dá para viver sem chá, e manda a marinha inglesa.

16 navios de guerra passaram os dois anos seguinte explodindo a costa chinesa e matando entre 20.000 e 25.000 soldados chineses, perdendo apenas 69 homens. Os chineses foram obrigados a assinar um tratado, concedendo a ilha de Hong Kong para os ingleses e abrindo cinco portos para o comércio do ópio – além de pagar as despesas de guerra da Inglaterra.

Tudo por causa do chá.

5. A modinha vitoriana por tinta verde que envenenou milhares

A Inglaterra Vitoriana, no meio do século 19, se apaixonou pelo Verde de Scheele, que era usado para tingir tudo – roupas, acessórios, brinquedos, velas, cortinas e papel de parede.

Com a cor não havia nada de errado, o problema era o pigmento, que usava arsênico. A parte mais louca? Todo mundo sabia que o arsênico era tóxico. E sabiam que a tintura verde tão amada tinha aquele veneno, mas não pareciam não se importar, já que usavam a tintura até para colorir a comida.

É, não se importaram até o maior envenenamento acontecer por causa do papel de parede. Literalmente milhares de famílias foram mortas pelos gases liberados (eles achavam que enquanto ninguém lambesse o papel, estava tudo bem).
Pior, a remoção do papel de parede tóxico é uma atividade extremamente perigosa. Até hoje tem gente com casas que são verdadeiras câmaras de gás. Verde.

6. A modinha radioativa do Radium que envenenou Paris

A modinha radioativa? A coisa já começou mal, não é? Pois é, mas em 1898, Pierre e Marie Curie descobriram o radium, uma substância altamente radioativa.

O problema é que o radium veio sem o manual do usuário, e ninguém sabia as consequências terríveis do envenenamento radioativo. Afinal de contas, uma substância que brilhava no escuro, que mal poderia haver?

Muitas alegações foram feitas sobre a substância – que era um tipo de tônico, ou então tempero – e o radium foi parar em creme dental e chocolates, supositórios e remédios para tosse. Imagina…

Esta mania foi mais intensa em Paris, onde sua propriedade luminescente causou uma febre. Batons e outros tipos de maquiagem eram populares por fazer o rosto das moças brilhar no escuro.

O resultado não podia ser outro. A ANDRA, organização responsável por mapear o lixo radioativo francês, já identificou 130 locais com traços de material radioativo o suficiente para serem consideradas um risco para a saúde. Curiosamente, boa parte destes lugares foi descoberto por causa de antigos posteres de propaganda.

[Cracked |Hypescience]


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