Às vezes para tentar agradar, as pessoas fingem e dizem coisas que não fazem, isso faz parte das regras de etiqueta da alta sociedade PIMBA (Pseudo-intelectuais metidos a besta) exaltar efusivamente ou criticar severamente obras que não leram, que leram apenas a orelha, leram trechos ou breves comentários na internet. O importante mesmo é parecer um especialista no assunto, seja para elogiar ou criticar. Abaixo, revelamos uma dúzia de livros que, considerando a margem de erro, provavelmente aquele seu amigo descolado, reluzente em sua fina camada de verniz cultural, não leu, mas diz com todas as letras (menos as letras do livro) que sim.
1 — Finnegans Wake, de James Joyce
“Finnegans Wake” é o Clovis Bornay dessa lista. Praticamente ninguém leu, mas todo mundo insiste em exaltar seu magnífico experimentalismo linguístico. Se aquele seu amigo PIMBA for comentar com ares de inteligência que acha “Finnegans Wake” melhor que “Ulisses”, pode ter certeza que a leitura não aconteceu.
2 — O Capital, de Karl Marx
Você provavelmente já ouviu aquele seu conhecido comentar sobre essa obra, mas será que ele leu? Caro amigo, muito provavelmente ele não leu “O Capital”. Esse é um fato inapelável da teoria materialista dialética histórica.
Acontece que para algumas pessoas, é muito difícil assumir que a não ocorreu a leitura de uma obra tão importante.
3 — Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust
Muitas pessoas leram “O Caminho de Swann”. O problema é que aqueles que gostam de aparecer costumam tomar a parte pelo todo e, convenientemente, se esquecem que existem mais seis volumes no romance catedral de Proust.
4 — A Nervura do Real, de Marilena Chauí
Este provavelmente o Olavo de Carvalho leu.
5 — O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar
Experimente pedir para aquela pessoa que gosta de fingir ter lido as obras importantes, que explique o livro “O Jogo da Amarelinha”. Provavelmente vai se confundir, tropeçar, cair de uma casa para outra, ir para frente e para trás; mas sair do inferno para o céu, nada!
6 — A Origem das Espécies, de Charles Darwin
Outro livro que estimula a desonestidade intelectual de muitos.
7 — Minha Luta, de Adolf Hitler
Por que é tão importante socialmente afirmar (mentir) que leu? Dois motivos. Primeiro para poder dizer que “li, não gostei e reprovo veementemente”. Em segundo lugar para dar a si mesmo certo ar de “bad boy” misterioso e envolvido com leituras não ortodoxas. Infelizmente, para o antinazista de Facebook, alguns milhões de pessoas tiveram a mesma ideia.
8 — A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Todo mundo já ouviu falar, mas será a maioria leu?
9 — Os Sertões, de Euclides da Cunha
O livro em seu conjunto é genial. Contudo, a primeira parte, a Terra, é meio monótona, mas as outras duas, o Homem e a Luta, são muito estimulantes. Quem nunca ouviu esse clichê atire a primeira pedra.
10 — Por que Ler os Clássicos, de Italo Calvino
Uma frase célebre dessa obra é “os clássicos são livros que sempre se costuma ouvir dizer ‘estou a reler’ e nunca ‘estou a ler’”, incluindo o “Porquê Ler os Clássicos”, de Italo Calvino.
11 — O Corão, de Deus
Todo aquele que não gosta de assumir que não leu, irá afirmar que leu esta obra quando o assunto surgir. É uma obrigação moral (ou social?) de afirmar categoricamente que leu todo “O Corão” e não encontrou nenhuma passagem sequer que incite a violência.
12 — A Bíblia, de Deus
Sim, muitas pessoas já leram, na verdade as que realmente leram serão as menos críticas quando o assunto surgir. Geralmente, aqueles que mais gostam de opinar são os que menos adquiriram bases sólidas. Como mentir é pecado, vamos dar um desconto e considerar que no Ocidente Cristão a leitura completa da “Bíblia” pode mesmo ser feita por osmose.