Do que somos capazes? Até onde podemos ir em nome de ideias, bens, territórios ou até apenas diferenças de cor de pele? Muito é falado sobre a evolução do pensamento e sobre os direitos humanos, no entanto, alguns ainda esquecem que as cenas abaixo aconteceram até menos de 100 anos atrás, um tempo insignificante dentro da História. Nós separamos 10 fotos que nos ajudam a lembrar o quanto o mundo ainda tem que mudar, e que em alguns aspectos, ele não mudou tanto quanto alguns imaginam.
Reflexo da crise de 1929 (1936)
Essa foto até hoje é um ícone da Grande Depressão de 1929, crise causada pela desastrosa intervenção estatal americana na economia. É uma das fotos mais famosas dos Estados Unidos. A foto mostra Florence Owens Thompson, de 32 anos, desolada por não ter comida para alimentar os filhos. Jornalistas americanos tentaram localizar essa mãe e seus sete filhos, mas só foram encontrá-los no final dos anos 1970. Já não passava fome e vivia em um trailer. Fotografia: Dorothea Lange
Guerra do Biafra (1969)
A Guerra Civil da Nigéria, também conhecida como Guerra do Biafra, matou mais de um milhão de pessoas entre os anos 1967 e 1970, especialmente de fome. Muitas crianças sofreram de Kwashiorkor, patologia resultante da ingestão insuficiente de proteínas. O fotógrafo de guerra Don McCullin foi o primeiro a chamar a atenção para a tragédia. Fotografia: Don McCullin
Phan Thi Kim Phúc (1972)
Essa é, sem dúvidas, uma das cenas mais brutais já vistas em toda história da humanidade. Foi a foto ganhadora do Prêmio Pulitzer – 1973 e a mais famosa fotografia de guerra de todos os tempos. Kim Phuc (a garotinha nua) corre por uma estrada perto de Trang Bang, no sul do Vietnã, após um ataque aéreo com napalm. Napalm é um conjunto de líquidos inflamáveis a base de gasolina gelificada que são utilizados como armamento militar. Na realidade, o napalm é o agente espessante de tais líquidos. Quando misturado com gasolina, a transforma num gel grudento e inflamável. Para sobreviver, Kim arrancou a roupa em chamas do corpo. Fotografia: Nick Ut
Racismo nos EUA (1950)
Essa foto até hoje causa espanto em muitas pessoas, até mesmo porque foi tirada há muito pouco tempo, apenas 65 anos atrás! Ela mostra bebedouros separados para brancos e para negros na Carolina do Norte. Até a década de 1950, os afro-americanos não tinham direito a voto, eram segregados socialmente e formavam a parcela mais pobre da população norte-americana. Fotografia: Elliott Erwitt
Uganda (1980)
A foto tirada por Mike Wells em abril de 1980 mostra uma criança da província de Karamoja, Uganda. Ela estava de mãos dadas com um missionário e o absurdo contraste entre as duas mãos serve como um lembrete do abismo que separa países desenvolvidos e subdesenvolvidos. A fotografia permaneceu inédita durante anos. Fotografia: Mike Wells
Sudão (1993)
Essa foto foi publicada em março de 1993 no “New York Times” e responsável pela ascensão de Kevin Carter como fotógrafo, fazendo-o ganhar o Prêmio Pulitzer de Fotografia de 1994. Embora a fotografia seja forte, o abutre não estava tão próximo do menino como a fotografia sugere — fato que continua causando controvérsias entre jornalistas e fotógrafos. O garoto da foto chamava-se Kong Nyong e sobreviveu ao abutre, morreu em 2007. Kevin Carter, o fotógrafo, se matou em 1994. Fotografia: Kevin Carter
Judeus e Nazismo (1945)
Esta foto foi capturada em 17 de maio de 1945, por Edward Belfer, em Weimar, na Alemanha. Jovem alemã se assusta quando se depara com alguns corpos exumados de 800 trabalhadores judeus executados pelas tropas da SS (polícia nazista) perto Namering, na Alemanha. Os aliados, depois que adentraram na Alemanha, fizeram estas exumações para a população ver o que os líderes nazistas faziam. Fotografia: Edward Belfer
Thich Quang Duc (1963)
Em 11 de Junho de 1963, durante uma manifestação na cidade de Saigon, Vietnã, contra a política religiosa do governo, o monge budista vietnamita Thich Quang Duc ateou fogo em seu próprio corpo em um processo de autoimolação. Thich Quang Duc virou um mártir da resistência à guerra na Ásia. Fotografia: Malcolm Browne
Hiroshima (1945)
Em uma segunda-feira, 6 de agosto de 1945, às 8 horas e 15 minutos da manhã, a bomba atômica “Little Boy” foi lançada sobre Hiroshima por um bombardeiro B-29 americano, o Enola Gay, matando instantaneamente por volta de 80 mil pessoas. Ao final do ano, ferimentos e a radiação causaram um total de 90 a 140 mil vítimas. Aproximadamente 69% das construções da cidade foram completamente destruídas e cerca de 7% foi severamente danificada. Fotografia: autor desconhecido.
Ruby Bridges (1960)
Ruby Bridges é um ícone do movimento pelos direitos civis. O livro “Through My Eyes” conta como era ser uma garota negra de 6 anos de Nova Orleans, Louisiana, que preparou o terreno para a integração escolar. Em 1954, ano em que Ruby nasceu, o Supremo Tribunal dos EUA ordenou o fim do “separados mas iguais” na educação para crianças afro-americanas. Escolas no sul do país ignoraram a decisão. À Louisiana foi dado o prazo até final de setembro de 1960 para integrar as escolas de Nova Orleans. Elas começariam com os Jardins de Infância e iriam integrar um ano escolar de cada vez. Ruby Bridges era apenas uma das cinco crianças negras que passaram no teste para determinar quais seriam as crianças enviadas para as escolas “brancas”. O teste havia sido criado de uma maneira para que as crianças negras não fossem capazes de passar. A família de Ruby tomou a decisão de lutar por seus direitos e inscreveu a pequena Ruby no primeiro grau em uma escola apenas com pessoas brancas e, de fato, ela foi a única negra de lá.
Ruby chegou para seu primeiro dia de aula com uma escolta de quatro agentes federais e foi seguida por uma multidão sinistra das donas de casa e adolescentes enraivecidos. Mães furiosas tiraram as suas crianças da escola, alegando que elas só voltariam quando Ruby tivesse deixado o local. Por todo esse ano letivo a escola ensinou apenas para cinco alunos: Ruby e outros quatro estudantes brancos. Fotografia: autor desconhecido