A morte é a única certeza da vida, vivemos sabendo que a qualquer momento, nossa bomba pode estourar. Pensando em como a morte nos afeta profundamente, pesquisadores de diferentes campos a estudam a partir de suas perspectivas.
Abaixo seguem cinco descobertas de pesquisas – bioquímica, médica, genética, sociológica e psicológica – que você pode não ter conhecimento.
É realmente complicado descrever qual é o cheiro da morte, mas a maioria das pessoas concorda que é ruim. No entanto, o cheiro da decomposição humana na verdade é bem complexo, pois envolve mais de 400 compostos químicos voláteis.
Você certamente já ouviu alguém dizendo que as nossas unhas e cabelos continuam crescendo por tempo depois que morremos, isso invoca imagens horrendas de cadáveres com uma necessidade urgente de passarem pelo barbeiro ou a pedicure. A ideia provavelmente se deu da observação do crescimento do cabelo e das unhas em defuntos, mas tudo não passa de uma ilusão. A verdade é que o resto dos nossos corpos encolhem devido à desidratação, fazendo as unhas e os cabelos parecerem mais longos.
O que chamamos de cabelo e unhas, na verdade já estão mortos: as únicas partes vivas são os folículos do cabelo e a matriz das unhas abaixo da pele, mas esses órgãos precisam de regulação hormonal para produzir cabelo e unhas, sem falar no abastecimento de ingredientes como proteínas e óleos que acabam depois da morte.
3- O comprimento de um telômero prevê a expectativa de vida
Por muito tempo, pensamos sobre a possibilidade de nossas células serem imortais e que quando colocadas nas condições ambientais certas, elas conseguiriam continuar se multiplicando. Mas, como foi descoberto em 1961, não é assim que acontece: após uma média de 50 a 70 divisões, elas param.
Uma década mais tarde, uma outra hipótese foi colocada à prova: os telômeros – sequências repetidas de DNA no fim dos nossos cromossomos – ficam mais curtos com cada divisão e, quando eles ficam muito curtos, as divisões param e as células morrem.
Desde então, há cada vez mais evidências de que a extensão dos telômeros pode ser usada para prever a expectativa de vida, e não só para humanos. Porém, nem todos os pesquisadores confirmam essa hipótese, e ainda não é claro se telômeros mais curtos são a causa do envelhecimento ou se são sintomas. Se o tamanho de um telômero realmente controlar o envelhecimento, então pode ser possível manipula-lo para aumentar a expectativa de vida de alguém. No momento, sabemos muito pouco sobre telômeros para fazer isso, mas fiquemos atento.
4- O medo da morte diminui com o tempo
Parece contraditório pensar que nós tememos menos a morte conforme envelhecemos, mas estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que esse é por aí que a coisa anda. Um estudo descobriu que pessoas nos seus 40 e 50 anos expressaram mais medo da morte do que aqueles em seus 60 e 70 anos. De forma semelhante outro estudo mostrou que pessoas em seus 60 anos relataram ter menos ansiedade em relação à morte do que pessoas na meia idade (dos 35 aos 50 anos) e jovens adultos (com idades entre 18 a 25 anos).
Um outra pesquisa ainda sugere que depois do pico dos 20 e poucos anos, a preocupação dos participantes em relação à morte tende a diminuir. Para os homens, a queda ocorreu ao chegarem aos 60 anos, enquanto para a mulheres a diminuição começou a aparecer entre os 40 e 50 anos.
Todos esses estudos também entrevistaram pessoas de diferentes idades, mas falharam em dar continuidade às pesquisas com indivíduos ao longo de suas vidas. Logo, é possível que a relação entre idade e a angustia relacionada à morte sejam direcionada por um efeito geracional: talvez nossos antepassados tenham sido feitos de materiais mais duros do que nós.
5- Pensar sobre a morte nos torna pessoa preconceituosas
Descreva sucintamente as emoções que o pensamento sobre a sua própria morte desperta em você. Anote o que você acha que acontecerá com você fisicamente quando você morrer. Essas instruções foram dadas a milhares de pessoas por meio de 200 estudos nos últimos 25 anos.
Os resultados indicam que pensar sobre a morte – em comparação a pensar sobre coisas mais banais, ou até mesmo outras fontes de ansiedade – faz as pessoas mais tolerantes com racistas, mais duros em relação às prostitutas, menos dispostos a consumir bens estrangeiros e até faz liberais não apoiarem tanto os direitos LGBT.
Em outras palavras, pensar sobre a morte faz com que nós busquemos uma imortalidade simbólica por meio dos nossos filhos ou grupos com os quais nos identificamos. Há ainda mais evidência sobre isso: quando chegam perto da morte, pessoas que não são religiosas são mais propensas a acreditar em Deus ou na vida após a morte. [The Conversation]