Por que as relações humanas estão cada vez menos duráveis? Tempos líquidos

Como nos tornamos tão conectados e tão desconectados simultaneamente ?  Nos escondemos atrás de grandes telas de celulares e notebooks para fugir da solidão, do medo das relações e das paixões.

Você já notou o quão alheio, distante se torna alguém com um smartphone diante dos olhos? Pois é, provavelmente você concordará, mas é válido ressaltar que esta não é uma crítica ao uso dos aparelhos, pelo contrário, frequentemente defendo o uso e a utilidade dos mesmos, no entanto, não podemos permitir esse distanciamento de nossa parte.

Nesse texto, vamos abordar a cerca da obra “Amor Líquido” – sobre a fragilidade dos laços humanos, de Zigmunt Bauman. No livro o autor expõe sua análise de forma simples e mais próxima possível do cotidiano, pensando as relações amorosas e algumas particularidades da “modernidade líquida”.

wakinglife

Vive-se em tempos líquidos, nada é para durar. Os relacionamentos escorrem por entre nossos dedos como o vinho que derramamos entristecidos com tal realidade.

Zygmunt Bauman era um sociólogo polonês que viveu até bem pouquinho tempo atrás. O autor nos deixou no dia 09 de Janeiro, de 2017, mas permanece presente como um dos intelectuais mais respeitados da atualidade.

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Bauman, em sua obra, procura apresentar nossa dificuldade de comunicação afetiva, considerando que todos querem relacionar-se, ainda que não consigam, por medo ou insegurança. O autor usa como metáfora um vaso de cristal, o qual à primeira queda quebra. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam em solucionar um problema cortando seus vínculos, mas acabam criando problemas em cima de problemas.

É um mundo rápido, incerto e individual, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis, porque as relações humanas estão cada vez mais flexíveis. Nos acostumamos com o mundo virtual e com a facilidade de “desconectar-se”.

Poucas pessoas, ainda conseguem manter um relacionamento de longo prazo. Na maioria dos casos é um amor líquido, exatamente como Bauman se refere. As pessoas passaram a ser tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito descarta-se – ou até mesmo troca-se por “versões mais atualizadas”.

quebrado

O amor romântico está em extinção, são tempos de Tinder, não de amor verdadeiro. Nota-se que o aplicativo surgiu da necessidade das pessoas pularem o passo 1 dos relacionamentos. Não há flerte, nem olhares intensos, tudo que restou foi o vazio.

Abaixo você confere um excelente vídeo de Bauman.

“Passamos pela vida esbarrando uns nos outros, sempre no piloto automático, como formigas, não sendo solicitados a fazer nada de verdadeiramente humano. Pare. Siga. Ande aqui. Dirija ali. Ações voltadas apenas a sobrevivência. Toda comunicação servindo para manter ativa a colônia de formigas de um modo eficiente e civilizado. “O seu troco”, “Papel ou plástico?”, “Crédito ou débito?”, “Aceita ketchup?”. Não quero um canudo. Quero momentos humanos verdadeiros. Quero ver você. Quero que você me veja. Não quero abrir mão disso. Não quero ser uma formiga, entende?” – Waking Life


Isadora Tabordes

Fundadora dos sites Vida em Equilíbrio e Demasiado Humano. Graduada em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas. Atualmente é mestranda em Filosofia Moral e Política pela mesma universidade, trabalhando questões sobre o conceito de liberdade com ênfase no idealismo alemão.  Isadora também está presente no Youtube através do seu canal Relatos de Motocicleta.

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