A neurociência dos egoístas – você é um deles?

Seja honesto com você mesmo – certamente, em algumas ocasiões, você já se comportou de forma egoísta. No trabalho, num relacionamento, em relação a dinheiro, etc. Mas a maioria de nós segue algumas regras: se alguém nos ajuda, por exemplo, nós retribuímos o favor. Só que existe uma minoria que não liga muito para essas regras. Informalmente, nós os chamamos de egoístas, mas a psicologia os chama de maquiavélicos.

A palavra ‘maquiavélico’ vem de Nicolau Maquiavel, historiador, filósofo e poeta italiano que viveu no renascentismo. Ficou famoso por escrever ‘O Príncipe’, livro que reúne algumas opiniões contraditórias sobre política, poder e sucesso – inspirando o uso do seu nome como adjetivo.

Na psicologia, o maquiavelismo faz parte da ‘tríade negra da personalidade’, juntamente com a psicopatia e o narcisismo. Pessoas com alto ‘score’ em maquiavelismo têm uma tendência maior a concordar com frases como: ‘é inteligente elogiar pessoas poderosas’ e ‘a melhor forma de lidar com pessoas é dizer a ela o que elas querem ouvir’. Mas nada disso seria genuíno – a gentileza esconderia propósitos egoístas.

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Pécs, na Hungria, analisaram o cérebro de pessoas com uma alta pontuação de maquiavelismo enquanto elas faziam uma atividade que dependida de confiança. O resultado? O cérebro delas entrava em um ciclo de atividade acelerada (e basicamente dava ‘pane’) quando elas encontravam um parceiro no jogo que se comportava de forma justa.

Explicamos: a atividade incluía quatro estágios. Neles, pessoas com alta pontuação em maquiavelismo e pessoas com scores normais jogavam com parceiros diferentes. No primeiro estágio, os participantes ganhavam cerca de 5 dólares e deveriam decidir quanto investir no seu parceiro. Qualquer quantia era triplicada ao ser passara para seu parceiro. Então o parceiro decidia quanto devolver para a primeira pessoa. Só que o parceiro era um programa de computador (sem que os participantes soubessem), programado para devolver uma quantia justa ou uma quantia completamente injusta (um terço do valor investido).

Depois os papéis eram invertidos e a pessoa deveria decidir quanto devolver par ao computador – permitindo que ela fosse justa caso o computador tivesse sido justo ou que o castigasse por ter sido injusto anteriormente.

Como você pode imaginar, os maquiavélicos acabaram com mais dinheiro no fim do jogo – isso porque, mesmo que o computador tivesse sido honesto com eles, eles não davam a quantidade justa em troca. Ou seja, a norma social de reciprocidade era quebrada.

O curioso foi que, quando eram tratados de forma justa, o cérebro dos maquiavélicos teve uma atividade maior do que a de não-maquiavélicos. Já no caso dos não-maquiavélicos, a atividade maior acontecia quando o parceiro era injusto. Quando eram tratadas de forma justa, pessoas não-maquiavélicas permaneciam com a atividade neural normal, porque já esperavam ser tratadas dessa forma.

Quando os pesquisadores analisaram as áreas cerebrais mais ativas nos maquiavélicos, perceberam que eram regiões envolvidas com a inibição e com a criatividade. Os cientistas interpretaram isso como evidências que essas pessoas estavam inibindo o instinto humano de reciprocidade.

Resumindo: quando você é injusto com alguém egoísta, o cérebro dessa pessoa permanece funcionando da mesma forma, já egoísmo é o que ele espera dos outros. Mas quando gentileza e cooperação é mostrada a eles, o cérebro deles acelera, enquanto ele pensa em como tirar vantagem da situação. Bizarro.

Via Science of Us e Galileu


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